2007/02/28

Património dos Portugueses

A pressa dos meus companheiros teve as suas vantagens.
Pernoitamos em Essaouira, eles com certeza com dias de atraso e eu com dois dias de avanço em relação à nossa chegada a Portugal.

Despedimo-nos pois eles, no dia seguinte, queriam chegar ao destino e eu já me sentia confortável e seguro no meu segundo país e exactamente na zona de Marrocos que, com alguma atenção, queria visitar.

Queria usufruir da ida a quatro bastiões portugueses no norte de África que distam, entre eles, poucos quilómetros.

Tudo o que é ou foi Português no estrangeiro me atrai.

Adoro o meu País, a nossa História e os nossos Homens , (infelizmente agora não conheço nenhum, estava só a pensar nos políticos).

Políticos

Os políticos actualmente esmeram-se e gastam todas as energias na verbalidade de mal dizer os outros dos outros partidos.

Continuo a escutá-los, não para os ouvir, mas porque os elegi como bons oradores de um tipo de humor que me seduz.

Tento sempre e permanentemente perceber o segundo sentido das suas frases, porque as dizem naquele momento, o motivo porque estão a criticar algo que até me pareceu bem, se acreditam no que estão dizendo, porque dizem coisas que dois anos depois contradizem, porque chegam a altos cargos públicos sem antes terem dado provas de terem construído qualquer benfeitoria, porque prometem o que nunca serão capazes de cumprir, e tornam a votar neles sem que os votantes se sintam enganados.

As minhas desculpas, mas isto é uma arte próxima da vigarice.
Respondem-me:
- É política.
Mas isto tem algum valor, a não ser na arte atrás descrita?

Alguns políticos sentem-se tristes pela cada vez maior falta de consideração que os portugueses sentem por eles. Será por muita gente pensar como eu?
Só terão um caminho:

Falarem com veracidade e desenvolverem a intuição de honorabilidade de que o que dizem é o que pensam não para agrado do partido mas sim para bem do país.
Vão perder um ouvinte que se irá virar para o humor dos pastéis de nata, mas de certeza que eles e o país irão ganhar muito com isso.

Portugal antigo.

Vivo no Portugal actual mas admiro o que fomos e sinto-me triste, confuso com o que somos.

Tão poucos éramos, o que conseguimos e onde chegámos ao aproveitar ao máximo as nossas potencialidades, descobrindo tecnologias que nos transformaram na maior potência mundial dos séculos XV e XVI.

Diz-se que as conquistas, descobrimentos e desenvolvimento económico se deveram ao meio geográfico, às nossas hospitaleiras costas com os seus portos naturais, aos nossos rios com esplendorosos estuários.

Mas tudo isto hoje se mantém e toda a frota marítima é quase inexistente, continuando a haver subsídios para abate de navios???

O português mais importante da História Universal

foi o Infante D. Henrique. Não posso no entanto esquecer os reis e os políticos do seu tempo que o impulsionaram e que desenvolveram uma postura correcta que conduziu aos descobrimentos e ao conhecimento geográfico do nosso planeta, impossíveis de realizar sem a tecnologia investigada e descoberta na Escola de Sagres.

Depois da conquista de Ceuta entregou-se D.Henrique de alma e coração aos estudos cosmográficos, geográficos e matemáticos aplicados à navegação estuda-os e exercita-os pessoalmente, rodeia-se dos maiores cientistas da época.

Doa à universidade uma casa que possuía em Lisboa obrigando-a ao ensino de ciências aplicadas à prática, bonito exemplo para as nossas instituições actuais que doam os edifícios para a criação de mais um curso para enganar pais e alunos, pois quando os acabam entram para o mercado de trabalho com as mesmas habilitações como quando entraram para a universidade.

Há quem pretenda ver na sua obra um intuito mercantil, tanto dele como do rei D. João II.
Sobre estas duas figuras versa um ideal superior de altruísmo e de aspirações nobres e puras de conversão dos árabes ao cristianismo, e que mostra o carácter mais belo e profundo das glórias nacionais da nossa História.

Apesar de grande fortuna pessoal, o Infante morre endividado e na penúria pois as expedições mostraram-se ruinosas com o gasto no desenvolvimento das terras descobertas e com o enorme custo das guerras de Marrocos.

Mas nada disto o demoveu, mercê do seu ideal nobre e puro, e graças à sua alma mística levou avante a sua missão.

É, pois, graças a ele que aqui estou no grande Portugal.

O grande Portugal.

Comecei a visita por

Mogdura
Actual Essaouira
Anteriormente chamada Amogdul Berbère (a bem guardada), Mogdura en português, Mogadur em espanhol et Mogador em francês, Essaouira (الصويرة‎) (a bem desenhada).

Esta cidade piscatória situa-se 350 Km a sul Casablanca, a 175 Km a oeste de Marrakech e a 170 Km a norte de Agadir.

É uma das cidades mais atraentes de Marrocos graças ao seu património cultural e arquitectónico com a sua Medina ao estilo Marroco-Português que mantém, até hoje, a sua beleza e a sua estrutura medieval.

Com as suas Riads restauradas, implantadas em ruelas de casas caiadas de branco, de portadas azuis, exóticos cafés, lojas de artesanato, passagens estreitas e sombrias, com recantos romântico-misteriosos que caracterizam esta cidade... mas que fazem lembrar um Óbidos Oriental.

É uma das obras-primas da arquitectura do século XVI.

E, por isso, a Medina, o “kasbah” e o “mellah” (bairro judeu), fazendo parte da antiga cidade cercada por muralhas foram consideradas em 2001, pela UNESCO, Património da Humanidade.

Tem um encanto e autenticidade de uma terra perdida no tempo, com um povo que cultiva a hospitalidade, fruto, talvez, de uma mistura secular de culturas e religiões.

Serão todas estas as razões da atracção que sentem inúmeros artistas de todos os ramos da cultura, nacionais e estrangeiros, que por aqui passam ou que por aqui ficam?

É, porventura, na História de Marrocos, a cidade onde maior número de culturas aqui permaneceu, pois cá estiveram os Fenícios, os Romanos, os Cartagineses. Os Berberes, os PORTUGUESES, os espanhóis, os holandeses, os ingleses, os Judeus e os Franceses.

No pouco tempo que dominámos esta cidade mandou o nosso rei D. Manuel edificar uma fortificação chamada Castelo Real de Mogdura, que governámos de 1506 a 1525.
Este castelo possui o ex-libris da cidade, a Scala, uma plataforma fortificada com cerca de 200 metros de comprimento.


Rotas e Destinos publicou sobre Essaouira

Ninguém sabe, ao certo, de onde vem o fascínio que Essaouira exerce sobre os viajantes, mas há quem diga que se trata de um encantamento provocado pelo vento que sopra forte por entre as ruas e as vielas da medina desta pequena cidade piscatória. Pela sua autenticidade anacrónica, tornou-se um local mítico para uma pequena elite de intelectuais, uma espécie de refúgio-fetiche de pintores, escritores, músicos, actores e realizadores cinematográficos do mundo inteiro.

Ruas estreitas e angulosas procuram proteger os moradores dos fortes e constantes ventos alísios vindos do Atlântico, que se entranham no recato dos lares muçulmanos.

Calcula-se que Mogador, o seu primeiro nome, tenha raízes no Fenício antigo, uma palavra que significa torre de vigia e se presume que seja o monte desordenado de pedras batido pelo mar situado no extremo mais distante da praia. Porém, a fama da cidade é ainda mais remota. Tanto os cartagineses como os fenícios faziam aqui as suas trocas comerciais, trocando seda e especiarias por ostras, penas e ouro africano. Por sua vez, nos tempos do império romano, a região – que inclui a península onde hoje se ergue a cidade e a ilha de Mogador, na baía – ficou conhecida como as Ilhas Púrpuras, pois era este o local de onde provinha o corante púrpura mais requintado, extraído dos moluscos, que era usado para tingir as roupas dos imperadores.

Em 1764, o sultão Mohammed Ben Abdallah decidiu instalar na antiga Mogador a sua base naval, transformando-a no único porto autorizado para contacto entre o reino e o Ocidente.

Pouco depois passa a viver aqui uma elite de mercadores judeus com um estatuto especial de intermediários entre o sultão e as potências estrangeiras, obrigadas a instalar um consulado no local.

Quanto à nova cidade, o seu desenho – o plano original está conservado na Biblioteca Nacional de Paris – foi encomendado a Théodore Cornut, um arquitecto francês a soldo dos ingleses de Gibraltar, entretanto expulso sob acusação de espionagem. Uma outra versão da história conta que Cornut já estava aprisionado em Marrocos, e que trocou a sua liberdade pela realização gratuita do projecto arquitectónico. Mas, lendas à parte, ficou na memória o sucesso do seu traço, que deu origem ao nome actual de Es Saouira, que significa “a bem desenhada”.

Depois disto, a importância da cidade como posto de trocas e de contrabando de piratas não parou de crescer até ao início do século XX, quando finalmente foi caindo no esquecimento de todos.

Aqui convivem duas tribos locais – os chiadma (árabes) e os haha (berberes) –, a etnia dos gnaouas, descendentes dos escravos negros que acompanhavam as caravanas de ouro e sal vindas do Sudão, e cerca de um milhar de ocidentais que vieram em visita e decidiram ir ficando… sem previsão de partida.

De facto, as mágicas dunas do Cap Sim, nos arredores da cidade, e a sua magnífica praia deserta merecem um passeio mais atento (num veículo todo-o-terreno).

Texto retirado da revista Rotas e destinos

Safim
Actual Safi

Safi é acapital da cerâmica marroquina, antiga Asfi do tempo dos romanos que também por aqui passaram, é uma cidade de 300.000 habitantes, capital de uma região com 2 000 000.

Trata-se, infelizmente, de uma cidade industrial muito poluiodora pelas suas fábricas de cimento, químicos e fosfatos.
A beleza das suas praias e da cidade não mereciam este progresso.

A indústria de conserva de sardinha foi a primeira indústria de Safi, seguida da dos minerais de Jbilet, dos fosfatos de Youssoufia e do complexo químico a sul da cidade.

Os portugueses conquistaram-na e dominaram-na de 1488 até 1541, quando a abandonaram, voluntariamente, após a perda de Agadir.

Mais uma vez o pouco tempo de invasão permitiu deixar de legado o Castelo do Mar e a Catedral Portuguesa.
Construímos a cidadela portuguesa e renovámos a área do kasbah.

Mazagão
Actual El jadida

Situação Geográfica
Situada na costa atlântica de Marrocos, na latitude do mesmo paralelo de Los Angeles, na Califórnia, e em longitude no mesmo meridiano que o extremo Oeste da Irlanda.

El Jadida é uma cidade portuária e industrial com cerca de 180.000 habitantes situada a 90 quilómetros a sudoeste de Casablanca, 180 quilómetros a oeste de Marrakech a 240 quilómetros a Norte de Essaoira e a 17 quilómetros do Cabo Branco.
É uma cidade industrial um pouco poluída pelo seu grande parque industrial, servido pelo maior porto comercial de Marrocos, o Porto de Jorf Lastar, que dá vazão aos fosfatos da fábrica JLEC.

Todas estas cidades marroquinas da costa Atlântica, pela sua situação estratégica de bons portos naturais, foram habitadas por diferentes povos que, consoante a sua linguagem, assim lhes mudavam os nomes.

Os Fenícios estiveram aqui, em 650 A.C.,o almirante cartaginês Hannon foi o primeiro a escrever sobre esta cidade, Ptolomeu chama-lhe Rusibis, os portugueses conquistam-na em 1506 e dão-lhe o nome de Mazagão.

Em 1542 o rei D. Manuel manda ali erguer uma moderna fortaleza renascentista inexpugnável, constituída por vinte e um baluartes colocados numa cintura de espessas muralhas de 5 metros de largura, 7 metros de altura e 3 quilómetros de comprimento. Efeito da mudança da guerra neuro-balística (armas de arremeço) para a guerra pirobalistica (de armas de fogo).
Esta estratégia mostrou-se eficaz, resistindo esta fortaleza durante dois séculos a guerras e cercos.
Devido a estes cercos, tiveram os portugueses de transformar uma sala de armas de arquitectura Manuelina, em cisterna.

A Cisterna Portuguesa é uma ampla construção subterrânea de 33 por 34 metros coberta de abóbadas manuelinas suportados por 25 colunas do mesmo estilo arquitectónico, esquecida durante anos e descoberta por casualidade em 1919.
A água que cobre o chão pela mistura da semi obscuridade com a entrada de luz pela abertura circular to tecto, cria finos e excitantes reflexos de luz e sombra ao reflectir-se nela o tecto, as colunas e a abertura circular de luz, dando a este lugar um carisma romântico-misterioso, surpreendente e indescritivel.

Dotámos assim o mundo da mais bela cisterna alguma vez vista, aproveitada por Orson Welles para lá rodar cenas do filme Othelo.

O marquês de Pombal, como bom estratega que era, achou, penso eu que erradamente, que os portugueses que ali estavam faziam mais falta no Brasil do que aqui, isto na ideia de garantir a soberania da nossa principal colónia nesse tempo já abalada, e manda abandonar Mazagão enviando a totalidade dos seus habitantes para Amazónia, no Brasil, onde fundaram uma nova cidade chamada Nova Mazagão, na região de Amapá, hoje chamada Mazagão.

Existe também em Bombaim uma outra cidade chamada Mazagão, também de origem portuguesa.

Bom estratega?

O Brasil tornou-se independente pouco tempo depois e se os portugueses ali têm ficado, a exemplo de Mellila e Ceuta, eu, quando viesse para Norte, no final das minhas incursões, teria um lugar onde poderia comer um grão com bacalhau, desenjoando assim das múltiplas tagines que tenho de degustar.

O marquês, antes de abandonar a cidade, manda minar a fortaleza, que explode quando os mouros a invadem, sacrificando o herói português que lá ficou para o fazer (de que não sabemos o nome) e matando muitos dos assaltantes.

A partir daí a cidade em ruínas passa a chamar-se Mahdouma “A destruída”.

Em 1832 é restaurada a fortaleza e passa a chamar-se El Jadida “A nova”.

Foi então habitada, como nas outras cidades da região, por numerosos judeus cujos bairros, os Mellah, podem ser apreciados na velha Medina.
Estes abandonam a região aquando da formação do estado de Israel, não sem antes e sobre o protectorado francês, a cidade ter mudado o nome para Mazagan, voltando a chamar-se El Jadida em 1956, aquando da independência de Marrocos.


A cidade fortificada portuguesa de Mazagão foi registada em 2004 pela Unesco como património da humanidade, tendo sido considerada a adesão na base de modelo de intercâmbio e influência entre a Europa e a cultura Marroquina, e num claro exemplo da realização e integração de ideais renascentistas na tecnologia de construção portuguesa.

A cidadela portuguesa no interior do castelo, para se ter uma ideia das suas sinuosas ruelas, becos e arcos, basta subir e dar uma volta pelo caminho de ronda das muralhas aproveitando a óptima vista sobre a Medina e o mar.

Na cidadela em todo o lado há património português, a cisterna, a igreja portuguesa, os portais das casas com arcos de cantaria, os nomes lusitanos das ruas e até a igreja espanhola escolheu para nome Igreja de S. António de Pádua mas que, afinal, é de Lisboa.

O nosso principal legado patrimonial foi o Castelo do Mar, a cisterna portuguesa, e a igreja de Nossa Sr.ª da Assunção, a cidadela portuguesa,etc.

Pois, pois, depois de tanta escrita falta é uma estória que, como sabem, está sempre relacionada com algo de estranho que só a mim acontece e que foi, neste caso, a tentativa de visita a este templo.

Estória

Tal como em Safi, tentei visitar a sé portuguesa, não o conseguindo por o guarda não comparecer e a porta permanecer teimosamente fechada, aqui deparei com idêntica situação e enquanto visitava a cidadela portuguesa passava, de vez em quando, pela igreja para ver se assomava o guardião.

Nessas incursões deparo com um muçulmano a sair de uma porta lateral da igreja com algumas grandes chaves à cintura e dirijo-me para ele com contentamento.

Lá ia conseguir entrar na Igreja de Nossa Senhora da Assunção.
A igreja em mau estado de conservação é um património arquitectónico Manuelino.

Não estranhei o guarda estar conservadoramente vestido de muçulmano, só falar árabe dizendo poucas palavras em Francês, tal como não estranhei a pergunta se eu era paquistanês, que importava isso, eu estava contente com aquela oportunidade e o guarda percebia o meu interesse e acompanhei-o até à porta onde ele meteu a chave.

A porta abriu-se, eu tentei entrar mas o guarda agarrou-me e mandou-me descalçar.

Ao seguir o guarda nem sequer me apercebi que o edifício para onde fomos não era a igreja...

Era uma mesquita sem ninguém no seu interior, parei, pensei, hesitei e cá estava a oportunidade já pensada algumas vezes, finalmente entrar numa mesquita. O guarda tinha de pensar que eu era islamita.

Descalcei-me e entrei sob a visão do guardião da mesquita, orei com todo o respeito e na posição que os maometanos usam para o fazer, que eu sei que é de cócaras e de rabo levantado e mais não sei.

Tentei usar aquele instante com todo o respeito, aproveitando para retribuir a Alá o meu agradecimento por não ter tido problemas, e tudo ter corrido quase bem no acompanhamento do Euromilhões Lisboa Dakar e para agradecer, já agora, por mais isto e por mais aquilo e por mais aqueloutro.

Mas pensam que consegui?
Não.

Na minha cabeça misturava-se a estupefacção de ali estar, com a surpresa do que me tinha acontecido, com o receio de ali permanecer até por o guarda se poder aperceber de que eu nem orar sabia, eu, um infiel, que pela lei islâmica não mo é permitido, podendo até sofrer sanções físicas pelo acto.

Mas ali estava, garanto-vos, com o máximo respeito do mundo pelo lugar onde me encontrava.

Não tenho religião, acho que as religiões foram inventadas pelo homem com vários e inúmeros propósitos, mas sou uma pessoa que estudou ciências e, ao estudar o corpo humano e o seu funcionamento, a vida, a terra, o universo, a física, a química, tudo, a perfeição que encontrei é tal que, para mim, uma pessoa em que todo pensamento assenta na lógica, tem que acreditar que houve um acto de criação de tudo isto e, para haver criação, tem que haver Criador.

Já tinha estes pensamentos nas aulas de Religião e Moral e expunha-os ao professor dessa disciplina, o Sr. Padre Afonso que, com o seu facciosismo, chegou comigo ao dele pecado da ira, ao dar-me uma brutal bofetada, quando eu, com doze ou no máximo catorze anos, lhe disse que, quando desejava uma mulher pela sua beleza e pelo que eu sentia, isso seria uma forma de adorar a Deus, e que Lho agradecia pela felicidade que me dava em ter tais pensamentos e nos actos que isso envolvia.

Pois se no mundo ocidental já sofri pelos meus pensamentos religiosos ali, em que o facciosismo é maior, poderia sofrer muito mais.

Com todos estes pensamentos quem consegue concentrar-se e orar?
Fiz um esforço, tentei a meditação, e só consegui isto:

-Meu Alá, Tu sabes o que se passa na minha mente, lês os meus pensamentos, sabes o que te queria comunicar, por isso dizer-Te o quê, e para quê?
Tu já conheces a minha adoração a toda a natureza que tão bem criastes e que, de tão perfeita, me faz pensar que Tu és ela ou que ela és Tu. (É uma teoria que talvez um dia vos conte porque é muito mais complicada do que isto).
Obrigado e continua com a Tua perfeição para nosso gozo divino.

Depois disto, a minha sorte é que nenhum islamita encontre este blog e, se o encontrar, que não chegue a estas linhas, o que será fácil pois que, com tanta verborreia, se enfastiará e só contemplará as fotografias.

Caso haja denúncia, o melhor será encontrar-me com o Sr. dos Versos Satânicos para saber o caminho a trilhar.

Azamor
Actual Azemour

A cidade de Azemour, que significa em berbere ramo de oliveira, é uma povoação afastada dos circuitos turísticos.

É ladeada pelo Rio Rabie e dividida em duas partes distintas, a moderna e a antiga.

Foi edificada sobre a antiga cidade fenícia de Azama e fica




16 quilómetros a Norte de El Jadida e a 72 quilómetros a sul de Casablanca.

A cidadela portuguesa, que é a parte antiga, está envolta num castelo edificado pelos portugueses, após a sua conquista pelo Duque de Bragança numa curta batalha em 1513.

Os árabes, ao verem o Duque comandar uma esquadra de 500 navios, nada puderam fazer.( Li isto em escritos marroquinos. Será possivel terem sido tantos os navios?)

Mas já em 1481 esta região estava submissa ao rei D. João III, com o estabelecimento de um tributo anual de 10.000 aloses.

Em 1541 os portugueses evacuam esta praça.

Vinte e oito anos de ocupação foram suficientes para ali deixarmos a nossa influência, principalmente na arquitectura.

A cidadela portuguesa com o seu castelo de seis bastiões, a necessitar hoje de cuidados, possui no cimo das suas muralhas um caminho de ronda que permite ver toda a Medina.

Parte da Medina está em ruínas e a que foi restaurada não respeitou uma característica arquitectónica que se pensa única no mundo e que, caso os dirigentes de Azemour não venham a respeitar, se perderá, perdendo-se com ela a importância desta cidade.

Em Azemour na cidadela portuguesa existe uma arquitectura única de influência portuguesa que são as suas casas, ou melhor, as

portas das suas casas.

Estas são a única parte da habitação com aspecto criativo pela sua decoração e ornamentação oriundas das primitivas portas portuguesas.

Foram moldadas pelos antigos mestres de harmonia com a ruela onde está inserida o valor da casa e a importância do seu proprietário.

Infelizmente as casas vão sendo demolidas e substituídas por outras com portas banais.
Caso isto não acabe, qualquer dia só as fotografias e alguns quadros como o de Stacy Elko nos permitem admirar esta singularidade.






A porta é a única abertura exterior da casa.




As casas são quadriláteros de paredes rústicas sem qualquer ornamentação,excepto nas caracteristicas portas, sem janelas pois todas têm um páteo interior e só esta originalidade dá valor a esta Medina e a Azemour.