2010/01/11

2009/09/27

Islandia-Iceland

ISLANDIA OU ICELAND
( falta terminar e colocar fotos)


A Islândia é um país circunscrito sobretudo a uma ilha localizada no Norte da Europa.

Situa-se a uma dezena de quilómetros do Círculo Polar Árctico, a trezentos e sessenta quilómetros a leste da Gronelândia, a oitocentos quilómetros a Norte da Escócia e a mil quilómetros a Oeste da Noruega.

É um pouco maior do que Portugal, tem cerca de cem mil quilómetros quadrados.

É o país do mundo geologicamente de origem mais recente, de génese vulcânica e que ainda hoje em dia vai aumentando a sua superfície, devido a contínuas erupções vulcânicas, algumas delas muito recentes.
É disso exemplo o acontecimento que se passou em 1963, em que a lava brotada por uma dessas erupções levou à formação de uma nova ilha, a Ilha Surttsey.

Atrevo-me a dizer que a Islândia é o ultimo território virgem da Europa.










A interacção do fogo com o gelo, com a água e com o vento, fizeram dela um dos territórios mais incríveis e espectaculares deste planeta.



No meio desta ilha passa a fractura atlântica que separa a placa euroasiática da americana e que, anualmente, aumenta dois centímetros e meio. sendo em Thigvellir o local onde esse afastamento tectónico é mais visível.
Fazendo contas a esta separação poder-se-á prever daqui a alguns milénios a formação de duas Islândias.

Iceland, a terra do gelo, é para os islandeses um nome depreciativo pois acham-se com um clima temperado graças ao facto do seu país ser circundado pela corrente quente do golfo.
Na realidade, as temperaturas mínimas no verão são sempre superiores a zero graus centígrados e as temperaturas máximas de catorze graus e, se não houver vento, é agradável passear naquela ilha.

Era meu desejo há cerca de vinte anos visitar a Islândia, mas só este ano comecei os preparativos para esta viagem. O meu procedimento para o preparo de toda e qualquer viagem é, em primeiro lugar, a compra de um livro turístico, que me indique os lugares mais interessantes a visitar. Para surpresa minha, em Portugal não existe nenhum livro, em qualquer língua, sobre este tema e então, claro, recorri à internet para a recolha de dados.

Devido ao facto de se tratar de um país bastante isolado, com usos e costumes próprios e com grande parte do território desabitado, resolvi telefonar a um português que lá viveu, para obter informações mais precisas.
Ao falar com ele sobre várias coisas, entre elas o clima, diz-me o seguinte:
- Não vale a pena levar guarda-chuva.
Respondo eu, contente, pois uma das coisas que temia era a chuva.
- Então isso é bom sinal, é porque não chove em Agosto.
Resposta:
-Não, chove sempre. Mas quando chove, o vento é de tal ordem que é impossível abri-lo.
Pensei então, ‘mas onde me vou eu meter, eu que gosto tanto de Sol’.

Sobre a alimentação, diz-me ele:
- Leve sempre comida, porque quando lhe dá a fome pode não ter onde comer.
Constatei durante a minha estadia que, ou se come fast food (hambúrgueres, pizas, salsichas, etc.) ou os restaurantes normais são do tipo gourmet, apresentando os pratos bem ornamentados mas apenas com um ilhéu de comida no centro, optimamente confeccionados, saborosos, mas caros.
Uma sopa custa cinco euros, mas um prato de lagosta custa trinta e cinco, por isso mais vale comer marisco.

Há cerca de vinte anos, num congresso de medicina desportiva onde participei, encontrei um colega que tinha como hobby fotografar e escrever artigos para uma revista de viagens turísticas, e que tinha acabado de visitar a Islândia.
Descreveu-me as belezas da ilha e concluiu dizendo-me ser um destino a não perder.

A altura do ano em que o país é talvez mais bonito é Junho por haver ainda bastante neve, por não haver quase noite, mas existe o inconveniente de algumas das pistas ainda não estarem abertas ao trânsito e do degelo tornar a travessia dos rios difícil e, nalguns casos, impossível.
Julho é o mês em que menos chove e a época preferida para férias pelos islandeses.
Em Agosto as temperaturas ainda são boas, com os rios com menor caudal.

Tentei levar o meu jipe, embarcando para lá em ferry da Escócia mas, para azar meu, devido à crise, este ano ferry só da Noruega e para tal destino a distância aumenta, e ainda por cima obriga a uma maior travessia de barco de dois dias de duração.

Pensei então em ir de avião e alugar um jipe, mas aí tive um outro dissabor. O custo do aluguer de um jipe é mais do dobro do de um automóvel e causava ainda mais um outro problema.
De jipe e sozinho por aquelas pistas, podia acontecer que, arriscando em algumas passagens, o que já não faria de carro, por lá ficasse enterrado e depois... quem é que de lá me tirava?

Mesmo assim informei-me de quais as pistas mais interessantes e tracei nelas o meu itinerário.

Acabei por decidir alugar um automóvel com tracção às quatro rodas, lembrando-me dos velhos tempos, em que de Renault 4 L corria todo o Alentejo, no Inverno, à procura dos pombos e em que nunca precisei de nenhum tractor para me desatascar.
Mas que me atasquei, atasquei, mas só naquele tal barro, em que mesmo a andar a pé, os pés teimam em lá ficarem e que, ao saírem, trazem agarrados à botinha de borracha dois quilos de massa vermelha e em que, por vezes, acontece o pé de lá escapar deixando atrás e enterrada a bota que o protegia. De tal situação por vezes resulta desequilíbrio, o que leva por acabar por meter o pé, apenas com a meínha, no próprio barro viscoso e ensopado e quando o pezinho molhado e enlameado volta à bota, após uma manobra de limparmos a meia, da única maneira possível, com a mão, pois se não o fizermos o pé não cabe na bota, sentimos posteriormente ao andar, como se uma almofada de gel estivesse no seu interior e a mãozinha limpadora, ainda que muito sacudida, fica sempre com o barro agarrado, acabando por resultar, passado pouco tempo, haver barro em toda a roupa e até na própria face.

Desculpem este desvario, pois é sobre a Islândia que pretendo escrever.

Na Islândia ,quase todas as pistas que fiz estavam em óptimo estado e em muitas delas cheguei a andar a velocidades elevadas, o que não se deve fazer, tal como não se deve ir para tais pistas sem ser em jipe, até porque é proibido e explicado na Rent a car, com a indicação de que naquelas pistas o seguro não abrange qualquer estrago.
Felizmente para mim nada me aconteceu e fiz naquela ilha, em oito dias, apenas quatro mil e quinhentos quilómetros e só o vento conseguiu danificar o meu carro como à frente vos vou contar, no relato das minhas habituas desventuras.
Ah, é verdade tive um furo cuja reparação custou trinta e cinco euros, o preço de quase um pneu novo em Portugal, mas o pneu foi muito bem arranjado. Primeiro foi ao jacto de água, tal a quantidade de areia preta de origem vulcânica que estava agarrada àquela jante, o pneu foi todo desmontado, limpo por dentro e levou um remendo no interior, na própria lona, mas garanto-vos que a pedrinha que o provocou não teve tempo para fazer grande estrago.

Vou tentar descrever-vos esta ilha, de uma forma simplista:

Descrição da Islândia

Toda a ilha é rodeada por uma planície com apenas cerca de cinco a dez quilómetros de largura ao longo do mar, de um verde lindo devido à tundra de líquenes que a cobre.

É limitada exteriormente pelo mar com uma costa de inúmeros pedregulhos, cabos e algumas praias de areia preta.

A planície tem, no seu limite interior, montes que se elevam abruptamente, também eles essencialmente verdes, mas que em muitas zonas são policromáticos.

Esta planície torna-se muito mais larga no Sul, devido à erosão dos glaciares no seu lento trajecto para o mar e onde o verde dá lugar a um amarelo dourado. A planície descrita, desaparece a Oeste e Leste sendo ocupada por inúmeros fiordes que na zona Oeste parecem promontórios, tal a altura que atingem.

A estrada principal que rodeia toda a ilha, a N 1 situa-se quase toda nesta planície.
É uma estrada asfaltada, com um bom piso, mas mesmo ela, no Norte, transforma-se em algumas zonas em incríveis estradões de terra batida.



O termo, terra batida, é o hábito de como se denomina uma estrada não asfaltada mas que, na realidade, não se pode aplicar à Islândia. Atrevo-me a dizer que nesta ilha não há terra, tal como não há lama.
O solo é constituído por areia cinzenta ou preta e talvez cinzas vulcânicas.

O interior da ilha é um deserto de aspecto lunar, num planalto com cerca de seiscentos metros de altitude com inúmeros montes e mais de duzentos vulcões, com o Hekla e o Katla ainda perigosamente activos.

Existem inúmeras quedas de água, cuja maioria nem denominação tem, sendo uma delas, a Dettifoss, a maior da Europa.

Existem ainda numerosos e maravilhosos canyons e é do final de um deles, o de ……. , que vos mostro as fotografias que se seguem.


Áreas geotérmicas
com fumarolas, nascentes de onde borbulha água quente, lagoas de águas leitosas e sulfurosas, barulhos que vêm das entranhas de magma e um lindo gueyser, o Strokkur, que lança em cada três minutos um jacto de água quente com vinte metros de altura.
Campos de lava, inúmeros fiordes e largos areais negros e dourados.


Em suma, Deus foi perfeito ao aliar neste território uma panóplia de maravilhas naturais a que juntou um povo consciente, que se aproveita dos recursos do país sem o destruir.

Existe uma responsabilização colectiva, de há muitos anos para cá, de manterem intacto este reduto europeu, ao que não será estranha uma educação pública, que tem como raíz o parlamento mais antigo do mundo, Althing, que instituiu na Islândia a democracia mais antiga do mundo.


O INTERIOR DA ILHA
OUTRO PARAÍSO PARA A PRÁTICA DO TODO O TERRENO

No interior da ilha existe apenas uma estrada principal de costa a costa, que liga o Norte ao Sul e que, na zona mais afastada das costas, passa entre dois glaciares. Só a percorri em alguns quilómetros no Sul e palpita-me que não seja em grande parte asfaltada.

Todo o restante interior da ilha é atravessado por inúmeras pistas, que têm de transpor incontáveis rios, passando neles pelo próprio leito, pois existem poucas pontes.

O governo Islandês é cuidadoso na manutenção destas pistas, parecendo que na véspera passou por ali uma máquina a alisá-las, cuidado esse que vai ao extremo de, nas lombas, as pistas serem construídas por duas vias, para evitarem choques frontais.

Quando conduzimos nelas o seu piso faz-nos pensar que conduzimos o carro de rali que abre o troço, tal o aspecto que apresentam. Na maioria das que percorri não havia buracos.

Em quase toda a ilha a paisagem é de incrível beleza, lembrando os Açores, mas mais montanhosa, ou os Alpes, mas aqui ainda com uma maior beleza, por a montanha ladear o mar.

O céu quando está azul tem sempre imensas nuvens brancas ou escuras com tonalidades diferentes o que dá um aspecto ainda mais fotogénico a uma paisagem, já por si só, espectacularmente cénica.

O mar azul, o verde da planície, o policromático das montanhas, os abundantes lagos com costas pedregosas espectaculares, dão uma beleza incrível a todo este conjunto ao qual se juntam os glaciares, dando-nos uma sensação de assombro ao verificar na progressão da estrada que o quadro muda, mas que a beleza pitoresca se mantém.

Descobri nesta ilha algo que desconhecia totalmente: a incrível beleza dos glaciares.

Já tinha visto e até esquiado sobre glaciares, mas como os vi sempre cobertos por neve e em alta montanha, foi com pasmo que vi pela primeira vez um glaciar a desaguar no mar.

Na Islândia existe o maior glaciar da Europa, o Vatnajokull, com oito mil e trezentos quilómetros quadrados e mil metros de profundidade, e que possui um vulcão activo no seu leito, cujo calor que emana altera constantemente a forma deste glaciar que desagua num lago junto ao mar e onde pela primeira vez vi, ao vivo, icebergues.

A sensação que tive ao olhar para este enorme glaciar e para o lago com inúmeros pequenos icebergues é indescritível, e tive-a poucas vezes na minha, já bem vivida, vida.

Lembro-me de a ter tido pela primeira vez quando também pela primeira vez vi a Torre Eiffell, tive-a na praça do Vaticano ao visitar a Catedral de S. Pedro e, principalmente, a Capela Sistina, no Louvre especialmente ao observar arte egípcia e os quadros de Leonardo da Vinci, tive-a sempre que vi esculturas de Miguel Ângelo, também a senti ao ver pela primeira vez Manhattan e passear no seu interior, e tive-a também ao ver, e pela primeira vez, no deserto do Sahara, um cordão dunar, os pequenos ErgChebi e ErgChegaga ……..Senti o mesmo quando na Mauritânia alcancei e atravessei no Sahara o deserto de Macter …. E ainda na Mauritânia quando estive e dormi mesmo no centro do Sol de África…Senti a mesma admiração no Cabo Canaveral, em Yellowstone e no Grande Canyon.
Na China, em Pequim no Palácio do Imperador, na Grande Muralha e no rio Guillin….de cujas fotos tantos bons calendários foram embelezados.

Sinto, nessas alturas, que estou a contemplar algo que me demorou muito tempo a conseguir alcançar e que tanto e tanto admirei e desejei avistar.
Algo muito forte que muito prezei em criança, pensando na altura, que possibilidades viria a ter para alcançar tais paragens.
É uma sensação incomparável de estar a olhar para algo supremo, o que me faz experimentar uma admiração máxima.
É um sentimento estranho que me faz desejar permanecer ali o maior tempo possível.

Sinto-me pequenino perante tanta beleza ou tanta grandeza ou tanto simbolismo.

Em suma, é uma sensação que tem algo de ilógico, mas são sentimentos em mim tão intensos, que o que está descrito em cima não o consegue exprimir.
São conjunturas em que atinjo a máxima infantil felicidade, onde penso sempre como é bom estar vivo e poder desfrutar de tal quimera e onde misturo Deus e Natureza, pois sinto a necessidade de agradecer por estas maravilhas existirem e eu as poder presenciar.

A Islândia é habitada por milhões de aves marinhas, ovelhas, cavalos e algumas vacas, espécies mais abundantes do que islandeses, que são apenas trezentos mil.
Arrisco-me a dizer, pensando ter a certeza, de que há muitos mais cavalos do que cavaleiros e de ter a certeza ao afirmar que há muitas mais ovelhas do que islandeses.

Cavalos

Quanto aos cavalos, bem: nos islandeses conheço duas particularidades.


Uma a de pensarem que o nome do país Iceland é incorrecto e a outra a de considerarem que têm cavalos.






Existe de facto uma raça própria de equídeos na Islândia, mas que devido às suas características, entre as quais terem apenas entre 132 a 142cm de altura, são na realidade póneis e não cavalos.
Mas com isto não estou a desprestigiar aqueles bichos que, por serem particularmente lindos, fizeram com que eu acabe por, em seguida, escrever sobre eles.


Estes póneis existem na Islândia há mais de mil anos, aplicando-se desde essa altura sobre eles, uma das mais antigas leis, do também muito antigo parlamento Islandês, lei essa que proíbe o cruzamento dos póneis com outras raças equinas.
Dessa lei, já com séculos de duração, resultou um apuramento da linhagem, apresentando os póneis uma cabeça bem proporcionada com perfil em linha recta com testa larga. Pescoço musculoso, curto, volumoso e bastante largo na base. Traseira longa. Garupa larga. Pernas fortes e curtas.
Possuem uma pelagem dupla de cores variadas para se protegerem do frio.
Há mais de cem nomes para os diferentes padrões de cor.
Possuem uma crina enorme, por vezes de cor diferente da do restante pêlo e um rabo volumoso, composto por pêlos muito compridos.
O seu número é de oitenta mil na Islândia e de cem mil espalhados pelo mundo.

Os islandeses falam uma língua arcaica muito próxima da dos Vikings, uma espécie de latim escandinavo que pouco evoluiu no tempo.
São bastante religiosos, ao que não será estranho o isolamento e o lidar com o poder dos meios naturais no meio bastante adverso em que estão inseridos, mas esta religiosidade luterana não fez apagar as crenças pagãs, contadas nas Sagas, com histórias de fantasmas, duendes, fadas e gnomos, respeitadas pelo povo que, conta-se, chegou a modificar construções e traçados de estradas, para não irritar algumas destas criaturas rancorosas, prontas para provocarem a desgraça.
A própria moralidade católica não é cumprida nos casamentos, pois um terço das crianças nasce de mães muito jovens e solteiras, sem que isso perturbe as suas famílias.

Sessenta por cento dos islandeses vivem na capital e seus arredores, o que leva a que o interior da Islândia, montanhoso, seja desértico, acontecendo o mesmo com muitas zonas do litoral tal como nos Fiordes do Oeste.

Primeira estória
É nos Fiordes do Oeste que começa a minha estória que vos vai mostrar aquilo que todos sabemos e, por vezes, esquecemos e que demonstra que muito dos assuntos que se lêem na internet não são precisos, que são muitas vezes errados e que neste meu caso foram enganadores.
Depois de muito procurar na internet mapas que me orientassem para a minha viagem, resolvi escolher o que me pareceu melhor.
Na programação do meu percurso estava uma visita de barco em Stykkisholmur no norte da península de…… às ilhas …….. , apanhando depois um ferry que me levaria a Brjánslaekur no sul dos Fiordes do Oeste.
Apesar de ter ido para a estrada de madrugada, verifiquei com o passear na península, que não conseguiria chegar a horas ao primeiro barco.
Nunca pensei foi não conseguir chegar a tempo do segundo.


Mas a minha preocupação não foi grande, pois poderia haver um outro barco que fizesse a travessia do estreito e, caso não houvesse, ao longo da costa e para Norte em direcção aos fiordes havia estrada, estrada essa que não queria percorrer, por aparentemente não ter interesse paisagístico, tendo em conta não ter conseguido ler nada sobre essa zona.
Ao chegar lá, soube que só há um Ferry por dia e tive, de imediato, de me pôr à estrada.
Foi aqui que o mapa tirado da internet me enganou, mostrando-me a existência de uma estrada ao longo da base dos fiordes quando, na realidade, essa estrada contorna pela costa todo o exterior dos múltiplos fiordes, o que na prática significou andar e andar sem qualquer progressão e com a agravante de se tratar de condução em estrada de “terra batida” e ainda com a apreensão do ponteiro indicador da gasolina se estar a aproximar perigosamente do zero.
Mas uma desgraça não vem só, e assim além do mapa, também o Gps me burlou, ao mostrar-me permanentemente nomes, que na estrada alcançava, sem nada haver nesses pontos, só descobrindo, mais tarde, que esses nomes não eram de povoações, mas sim a denominação ou do fiorde ou da do braço de mar.


Com o ponteiro da gasolina a apontar o zero, comecei a andar em quinta velocidade a quarenta quilómetros hora utilizando o acelerador com uma impulsão de meio milímetro ou ainda menos e a desligar o motor em toda e qualquer descida.
Desta maneira preparei-me para alcançar a maior distância possível, tendo quase a certeza de que ia pernoitar no carro e na estrada, no frio da noite, habitualmente um grau centígrado.
Já tinha então verificado no mapa e no Gps não haver naquela estrada e numa extensão de muitos quilómetros qualquer povoação.

Percorri, nestas circunstâncias, cerca de cinquenta quilómetros, conseguindo com aquela forçada condução, que um Subaru Imprenza batesse um máximo mundial de baixo consumo.
De repente, e com alegria, vejo uma placa a indicar Parque de Campismo e como já tinha onde me abrigar, acelerei, quanto mais não fosse para mudar a posição do pé e para alcançar mais rapidamente a “civilização”.
Senti um contentamento enorme ao chegar lá, como se de New York se tratasse.
Para minha sorte, o parque de campismo, além de acomodações, tinha pessoas, espécie rara naquela região e, vejam bem, havia ali a tal tão desejada bomba de gasolina.
Enchi completamente o depósito e pus-me outra vez à estrada, ciente de que o hotel onde tinha marcação ainda ficava a 180 quilómetros de distância e, claro, que com uma única possível progressão, em estrada de “terra batida”, mas com a vantagem de ter ainda luz do Sol, que só se põe às vinte e duas horas e trinta minutos.

Já agora uma informação: um litro de gasolina custa cerca de um euro e o gasóleo é ligeiramente mais barato (2009).

No caminho que segui, em algumas (poucas) rectas daquela estrada, agora com gasolina para gastar, era outro o ponteiro que assustava, o do conta rotações, que tinha a tendência em se aproximar do red line e garanto-vos que um Subaru 4X4 tem uma enorme segurança mesmo em altas velocidades e isto num estradão em óptimo estado, lisinho, duro e sem qualquer buraco.
Penso que o motivo do bom estado daqueles estradões e das pistas da Islândia num país em que todos os dias chove, se deve à consistência do piso que é constituído, de areia preta de origem vulcânica, que não empapa com a água.


Ao fim da maior jornada que fiz naquela ilha, lá consegui chegar ao Hotel programado para jantar e para dormir, jantar esse que, claro, tive de adiar para o dia seguinte, pois nos hotéis as refeições terminam às vinte e uma horas.
Se fiquei aflito, não, pois conheço bem aquele ditado antigo, que eu modifiquei de acordo com a minha vivência:


“Se vais para o mar, para a ilha ou para o deserto, havia-te no Alentejo.”

Claro que na mala do carro tinha uma geleira com super bocks, paio alentejano, chouriço alentejano, presunto alentejano, pão alentejano, queijo alentejano e conservas de peixes, que sei lá se não foram pescados em Sines

Segunda Estória

Ir à Islândia e ter uma tempestade é muito mais fácil do que ir a Roma e ver o Papa.

Pois e não é qualquer tempestade que pára este parvónio, que com muita chuva e vento forte, no Sul da ilha e com um itinerário com o percurso a passar no promontório de………. de tal não tirou esse propósito, subindo lá acima, tendo para si todo o espaço que ali havia para estacionar o seu carro (porque seria?).
Como chovia em abundância agarrei com a mão direita a parka que me preparei para vestir fora do carro e coloquei a mão esquerda no fecho da porta do Subaru para a abrir e – surpresa - a porta abriu-se com uma rapidez, força e impulso tal, como se outro carro nela tivesse batido e ao mesmo tempo com um estrondo enorme, como se arrastasse para a frente a própria carroçaria.

Sem ainda ter tido tempo para pensar no que estava a acontecer, senti que a porta me tentava também impelir por a minha mão esquerda, que segurava o fecho da porta, ter tido, por breves instantes, a veleidade de a tentar segurar.
A porta saltou-me da mão e agora era dentro do carro, que tudo o que estava solto mexia.
O vento tinha feito aquele estrago e agora fazia voar do carro o mapa e o papel onde eu tinha escrito todo o itinerário.

Saí do carro para tentar recuperá-los, tarefa totalmente impossível tal a velocidade que levavam.
Mas agora já outra coisa ainda mais importante voava, os meus óculos graduados que o vento me arrancou da cara e que seguiram em voo o trajecto dos papéis.

Eu não acreditava no que me estava a acontecer pois, enquanto no interior do carro, nem pela mente me passou a intensidade daquele vento.

Ia ficar sem a descrição do itinerário, sem mapa e sem os óculos.
Os óculos, após cinquenta metros de voo, deviam ter ficado com as lentes paralelas ao vento e aterraram roçando as inúmeras pedras do chão e, de tudo o que o vento levou, os óculos foram a única coisa que consegui recuperar e, claro está, com as lentes bastante riscadas.
Voltei ao carro para pôr os óculos no seu interior e agarrei na parka para vestir, pois chovia e estava bastante frio.
Mas tive de imediato de desistir de tal intento, pois o vento ao bater no casaco estava a transformá-lo em para-pente e, caso não desistisse de o vestir, as probabilidades de seguir os papéis para o abismo, que tinha no fundo o mar, estavam a tornar-se bastante sérias.
Meti-me no carro e fugi dali, verificando posteriormente que, na porta do carro, se tinha partido o batente que a segurava à carroçaria, o que fez com que chocasse com o guarda lamas, empenando-o e deixando na porta a marca do embate.

Descobri então os meus dotes de bate chapa.
A porta, ao abrir ou ao fechar, batia no guarda lamas. Com uma chave de fendas aplicada na extremidade posterior do guarda lamas e com uma pedra a bater sobre um livro que coloquei sobre ele, consegui endireitá-lo e, com pressão sobre as dobradiças da porta, resolvi totalmente o problema. O vinco na porta ficou para as gerações vindouras.


O TAL HABITUAL, MAS DESTA VEZ BRUTAL,DIA AZARENTO

Esse dia, como sempre, começou às zero horas e foi exactamente a essa hora que em Reykyavik entrei numa fast food para jantar, que é algo que devia ter cumprido no dia anterior.
Dirigi-me depois para o Hotel, onde cheguei à uma hora da manhã e onde pedi para me acordarem às quatro e meia, pois nesse dia tinha, às sete horas e vinte minutos, avião para Portugal.
Às cinco horas, como previsto, saí do hotel com um cálculo de demora de trinta minutos para alcançar o aeroporto.

Quando estava a meter as malas no carro outro casal fazia o mesmo num táxi.
Pensei que, àquela hora, aquele táxi, logicamente só podia ir para o aeroporto e como não sabia bem o caminho resolvi segui-lo.
Na realidade o táxi foi para o aeroporto, mas para um outro, de onde partem os voos internos.
Agora e ainda mais perdido, só o GPS me podia ajudar e, como não havia trânsito dentro da capital da Islândia, foi a conduzir que comecei a regular e a procurar naquele aparelho e num mapa pirateado o caminho para o aeroporto.
Descobri, guiando-me pelo Gps, a via rápida que me iria permitir deixar Reykyavik, mas entrei nela em sentido inverso.

Continuei em frente até um sinal luminoso que me permitia virar à esquerda, mas não efectuar inversão de marcha, sendo esta última a manobra que aprontei.
Continuei na via rápida, agora no sentido certo e acelerando para recuperar o tempo perdido. Mais à frente surge a indicação para virar à direita para o aeroporto, mesmo em cima do cruzamento, que passo, travando em seguida.
Sem trânsito resolvo fazer marcha-atrás, viro então á direita seguindo o caminho certo.
Meto-me do lado direito pois sabia que tinha de apanhar outra via rápida, mas agora a sinalização aparece não para virar à direita, mas à esquerda e, exactamente, e também como na anterior, junto ao cruzamento.
Olho pelo espelho, não vejo ninguém, e faço na auto-estrada uma curva a noventa graus.
Até agora, com o tempo a voar, as coisas não estavam a correr mal, atrasado já estava, mas não muito, e para correrem melhor ali estava a estação de serviço que me iria permitir encher o depósito do carro alugado, que iria entregar logo a seguir no aeroporto.
Sem empregados nessa bomba, uso o cartão de crédito que, depois de várias tentativas, não funcionou. Tentei com o outro cartão de crédito e o mesmo me aconteceu, verificando eu que os outros condutores conseguiam realizar essa operação.
Fiquei estupefacto, a Islândia foi o primeiro país que visitei onde não toquei em dinheiro “vivo” e onde até um simples isqueiro, uma vez e uma cola, de outra, consegui comprar com cartão de crédito.
Este problema não era grave, só me ia custar algum dinheiro, pois as agências de aluguer de automóveis cobram bastante pela falta de combustível.

Voltei à estrada, agora já bastante atrasado e, claro, acelerei e nem um quilómetro ainda tinha percorrido quando atrás de mim aparece, a velocidade vertiginosa, um carro da polícia com toda a artilharia de luzes acesas e, claro, para me mandar encostar.
Pensei de imediato que estava lixado pois vinha a uma velocidade de cento e quarenta quilómetros numa auto-estrada onde incrivelmente só se pode andar a noventa.
Pagar a multa, que remédio tinha eu senão pagar caso o pudesse fazer utilizando o cartão de crédito, mas o tempo que iria demorar faria com que perdesse o avião.
Saí do carro extremamente ansioso, o que é mau quando se fala com um polícia, e a primeira coisa que disse foi:
- Peço desculpa mas estou muito atrasado para apanhar o avião.
Resposta:
- Não tenho nada a ver com isso(cabrões),mostre-me os seus documentos.
Dei lhe a carta de condução que ele olhou, enxergou, mirou, divisou, analisou, dissecou, frente e trás.
Cinco minutos passaram com ele a estudar aquele tão pequeno bocadinho de papel.
Ali estava um polícia cuidadoso e um cidadão prestes a perder um avião, o que poderia ser grave, pois não sabia quando voltaria a haver outro avião para o mesmo destino.


Finalmente, lá me disse que, da central, por câmaras, me tinham observado a fazer uma manobra perigosa e que os tinham avisado para actuarem.
Eu respondi, com a única justificação que me veio à memória:
- Há manobras que se fazem que só são perigosas se houver trânsito, deixando de o ser quando não o há.

(em todo o lado os polícias não entendem isto)
O polícia fica a olhar para mim por alguns instantes, sem eu perceber se ele aceitava ou não a minha explicação e de seguida manda-me sentar no banco traseiro do seu carro.

Fiquei incrédulo com o que me estava a acontecer.
Olhei para o meu carro estacionado na auto-estrada, para um avião que acabava de levantar do aeroporto mas que não era ainda o meu e pensei momentaneamente se me devia negar a fazê-lo, pois naquele momento estava convencido de que iria preso.
Surgiu-me então a ideia de que, como estava outro polícia ao volante do carro, caso eu lhe explicasse as coisas podia ser que ele fosse mais compreensivo e me deixasse abalar.
Entrei para o carro e o outro polícia diz-me, no sotaque inglês dele, pronunciado com grande acentuação dos R uma frase da qual nada entendi e respondi:
- Não entendo.
Fez-se silêncio no carro, seguido de diálogo em islandês entre os dois polícias, surgindo em seguida na mão de um deles um alcoolímetro que me dão para assoprar.
Não ficam contentes com o primeiro sopro e mandam-me assoprar com mais força.
Encho o peito de ar de tal modo que imaginei que o interior do carro entrasse em vácuo e, para mostrar a minha colaboração, soprei com toda a força para o aparelho, força essa que temi pudesse fazê-lo rebentar.


Eles, de seguida, olharam para o aparelho e olharam um para o outro e nada disseram, e eu de trás aproveitei aquele silêncio e disse:
- Nothing!
Resposta:
- Yes.
Então repentinamente voltei a dizer :
- Posso então ir-me embora para ir apanhar o avião para Portugal.
Silêncio no carro e como não vinha qualquer resposta, eu disse de imediato:
-Thank you e saí, persuadido de que eles me iriam chamar, mas tal felizmente não aconteceu.
Agora, atrasadíssimo, faltava-me ainda entregar o carro na Rent a car, o que costuma ser rápido.
Mas qual quê, o azar continuava a perseguir-me.
Problemas agora surgiam com a dúvida de estragos na pintura do carro.

Em A,,,,,, num sábado de manhã, andava na rua principal da cidade um animador que engraçou comigo e que queria lavar-me o carro.
De imediato e para tornar mais engraçada a situação, pois já tínhamos público a assistir, disse-lhe:
- Lavar não, mas escreva no carro ICELAND, o que ele fez.
Pois agora tinha à minha frente na Rent a car uma senhora que achava que a pintura estava estragada, se calhar até pensava que eu tinha usado tinta para escrever o nome do seu país e, para ter a certeza disso, só me recebia o carro depois de lavado.
Olhei para o aeroporto e despedi-me do meu avião.

Pensei e aproveitei logo para dizer:
- A esta hora da manhã onde vou eu lavar um carro?

Na estrada perdi tempo por não conseguir meter gasolina no carro com o cartão de crédito, depois tive problemas com a polícia e agora o tempo que a lavagem vai levar irá fazer com que de certeza perca o avião.
Com esta conversa piorei ainda mais a situação e a senhora olhava para mim já como criminoso ou vândalo estragador de carros.
Ela própria levou o carro e pediu-me para a acompanhar. E foi com incredulidade que viu desaparecer das duas portas do carro a palavra Iceland.
Recebeu-me então o carro obrigando-me a pagar sessenta e cinco euros pela gasolina em falta, mas arranjou-me de imediato transporte para a entrada do aeroporto.
Ao chegar ao aeroporto três quartos de hora antes da partida do avião, a esperança que ainda tinha de entrar nele desvaneceu-se pois havia filas enormes para o chek-in.
Mas não desisti, enchi o peito de ar, olho em redor a pensar como resolver a situação e vejo uma Islandesa com a farda do aeroporto, de olhos lindos e, como não custa tentar, encho-me de charme e discretamente mostro como aprecio os seus olhos, e explico-lhe a minha situação, dizendo-lhe que o meu atraso se devia a problemas com a Rent a car e agora tendo o cuidado de não falar na polícia.
Felizmente resultou, ela levou-me e fez-me de imediato as formalidades de embarque, quando cheguei à porta de embarque lá estava ela e lá fui o último a entrar para o avião.
Não perdi o avião, mas o mesmo já não aconteceu em Munich, onde fiz escala. Em que o pouco tempo entre os dois aviões e a mudança de um terminal para outro e um mau serviço de aeroporto fez com que o perdesse, mas aqui já sem problemas pois calculei, e bem, que haveria outro avião mais tarde.
De tudo o que acontece tento tirar proveitos e aqui o proveito foi o de ir almoçar como deve ser num restaurante do aeroporto.
Comi um óptimo peixinho frito acompanhado com batatas e feijão verde, feijão esse que tinha junto carne de porco, pelo que a funcionária que me servia me mostrava com insistência essa carne olhando para mim e pensando que a minha religião não mo permitia fazer.
Até aqui pensam que sou árabe.
Esta óptima refeição para duas pessoas e acompanhada por uma caneca de cerveja e uma coca-cola custou-me dezoito euros, algo impensável no aeroporto de Lisboa.

Para mim, e a seguir a uma refeição, vem um charuto e, como os tinha na mala do porão, procuro uma loja de tabaco onde entro e pronuncio com a minha facilidade de português:
- Have you José de la Piedra cigars?
O alemão acha graça à minha pronúncia e diz-me:
- No, but I have José L Piedra. Utilizando uma também óptima pronuncia espanhola.
Vendeu-me então os charutos cubanos oferecendo-me, talvez devido à empatia criada, duas guilhotinas e duas caixas de fósforos com um pau muito grosso, próprios para acender charutos.
Saí dali e procurei o pátio exterior entre os dois terminais e mal passei a porta acendi de imediato o charuto enviando de seguida o fósforo não para o chão, claro, mas para um recipiente ao lado da porta. Procurei em seguida sentar-me aproveitando para tal os degraus de uma escada que dava acesso ao piso superior.
Quando estava a saborear o meu cubano, olho para a porta por onde tinha alcançado o pátio e com espanto vejo fumo a sair do recipiente para onde tinha atirado o fósforo, fumo esse logo seguido de labaredas que se contiveram ao recipiente que, por ser metálico e estar contíguo a uma parede em vidro, não apresentavam qualquer perigo.
Continuei sentado a observar e vigiar a situação como qualquer outro dos transeuntes que por ali passavam e que nada tinham a ver com aquilo, mas com um pensamento que felizmente ninguém conseguia ler:
- Que mais, hoje, me irá acontecer?
Fiquei contente quando ao fim de dois a três minutos o fogo, só por si e como era lógico acontecer, se extinguiu, e continuei sentado fumando o meu charuto colocando na minha face um ar de ingénuo não fosse alguém pensar que poderia ter sido eu o causador de tal situação.
Eu, nem pensar, o fogo foi além e eu estava aqui.
Passados uns cinco minutos ouço uma sirene e começo a ver circular pelo pátio do aeroporto um enorme camião MAN dos bombeiros e vejo sair dele quatro bombeiros a vestirem o blusão anti-fogo e a dirigirem-se para o recipiente do lixo, cada um trazendo na mão sua coisa, uns extintores e os outros umas bombas metálicas. Só estas bombas foram utilizadas deitando para o recipiente, que já nem fumo tinha, um líquido incolor e com espuma que os bombeiros teimavam em continuar a deitar, líquido esse que já não era necessário para apagar qualquer fogo, mas que agora fazia estragos ao cair do recipiente para o chão e sujando-o de negro, causando-me ainda mais problemas de consciência pelo meu acto irreflectido.
Mas por outro lado achava graça ao ilógico de tudo aquilo

2009/04/10

A VIAGCor do textoCor do textoEM DOS BICHOS
Estou a começar a escrever esta estória no Aeroporto de Dakla, enquanto espero pelo avião que me levará a casa e augurando que esta aventura, ou melhor, algumas desventuras dela, tenham terminado.

O meu 4X4, somente devido à quebra de uma simples correia de ventoinha, entregou a alma a Alá. A “depanage” de Marrocos entrou em acção e eis-me assim privado do meu preferido meio de locomoção.

Esta viagem consistiu numa missão humanitária à Mauritânia, para onde IDEIAS NÓMADAS teve por incumbência levar medicamentos, roupa, calçado, material escolar e instrumentos de higiene para crianças e algum material de puericultura, que foram entregues preferencialmente nas aldeias por onde habitualmente o Rali Dakar costuma passar, áreas essas que sofreram economicamente com a estúpida forçada anulação do rali, que a intolerância fundamentalista da má interpretação do Corão acabou por obrigar.

















O meu jipito antes da chegada à Mauritânia queimou a junta da cabeça do motor, acabando por ter que ser rebocado para sul, até à fronteira entre Marrocos e a Mauritânia, onde o deixei à “guarda” do exército dos dois países.














Quando regressámos tornámos a rebocá-lo agora para norte até Barbas, albergue, bomba de gasolina, entreposto de venda de peixe e marisco, restaurante, etc., e que dista apenas oitenta quilómetros da fronteira.












Todo o grupo, coitado, durante um dia, fez somente poucos quilómetros do acampamento que instalámos junto à fronteira e até Barbas, o que até em parte para foi bom, pois assim descansaram da enormidade de quilómetros diários a que esta missão nos obrigou, e que se deveu ao facto de a burocracia para a legalização dos medicamentos que levávamos para distribuir nos ter atirado para três dias de espera na capital da Mauritânia, aonde, nos nossos planos, nem tencionávamos ir o que para mim acabou por ser bom por me permitir fotografar com tempo Nouakshot e tanto tempo tive que até pombos fotografei a beber água na piscina do hotel.
Nouakshot

Se quiserem saber mais sobre toda a viagem desta missão procurem em

Primeira estória

Mas já agora conto-vos o meu primeiro encontro com o desagradável nesta viagem, e a razão do título desta estória.
Um dia de manhã, no caminho para o norte da Mauritânia, após termos dormido na noite anterior num acampamento no Sahara, comecei a sentir uma impressãozita nos dedos do pé, fiquei desconfiado mas não liguei, mas passado um bocadito a certeza era absoluta, dentro da minha bota estava algo que mexia e só podia ser um bicho.

-Páre o jipe por favor Francisco, gritei eu para o condutor do veículo onde eu seguia, pois tenho um bicho dentro da bota e já a estou a tirar e não queremos que o animal fique no carro.

Mal o jipe pára, saio de imediato e já com o atacador desatacado, retiro a bota, bato-a com força na areia com o cano virado para baixo esperando que de lá saia a razão do meu incómodo, mas sem qualquer resultado.
Olho para o interior da bota e nada vejo. Meter a mão lá dentro, conjecturo que é arriscado e algo repugnante.
Será que estava enganado e que nada lá está dentro? Penso que não e volto então a executar a mesma manobra de bater na areia, com a bota virada para baixo, mas aplicando mais energia.

Finalmentedo seu interior, sai aparentemente todo contente, o causador da nossa paragem.

Um grilo, que sai de facto todo jovial, a correr pela areia, a bandear-se e a fazer curvinhas e cujo prazer aparente, penso, se deva à liberdade alcançada e não ao cheirinho do interior da bota.

No acampamento da noite anterior, para nossa surpresa apareciam grilos de todo o lado, grilos esses que mostravam uma total independência, parecendo saber para onde se dirigiam, cruzando-se sem embaterem, não se importando com os humanos, nem tendo qualquer medo deles e encaminhando-se e alcançando-nos numa atitude de tira-te daí que quero passar e que se metem em todo o lado, não se importando com as pauladas que lhe damos para os desviar e que devido à sua teimosia ou determinação continuam no azimute traçado, mantendo a sua velocidade acelerada de chegar a ……!!!!

Da próxima vou seguir um grilo
Mas o meu grilo parecia ter um comportamento diferente, mantinha a mesma pressa, seguia numa determinada direcção, em linha recta, mas cambaleava e vacilava no caminho, curvava e retomava o mesmo trajecto.
Será que o cheirinho no interior da bota dopou o bichinho?

VIAGEM PARA DAKLA

Accionada a assistência em viagem ainda da parte da manhã, esta chegou às dezanove horas, o que é um verdadeiro milagre em terras tão inóspitas.

O trajecto que me esperava era cerca de trezentos quilómetros até Dakla, e àquela hora e sem nada no caminho, cuidei logo do jantar que aquele “oásis” me proporcionaria e que evitaria o “Ramadão” nocturno, para o qual não fui programado.

Após o jantar, consegui ainda persuadir a boa vontade do condutor a dormirmos naquele albergue e a partir apenas de madrugada, pois já estava a ponderar o que me aguardava.

O chefe achou que eu estava já a abusar da boa querença do Marroquino e até porque o chefe não acredita nas minhas "vidências" e lá tive de partir de noite, para norte, fazendo uma prece a Alá, para que não acontecesse ao marroquino o que me estava já acontecendo a mim, o sono, que acabou por me vencer pois não resisti a toda aquela escuridão da cabine e de ir a olhar para uma recta de dezenas de quilómetros, que não conseguia enxergar, pois o “reboque” tinha como luzes de máximo, umas luzes tipo médios com uma das lâmpadas fundida e como nada acontecia e a visibilidade era nula ajudada pela neblina do mar, que nos acompanhava ali mesmo ao nosso lado esquerdo, lá adormeci na “poltrona” do camião arruinando um pouco mais a minha já desgraçada coluna.
Outra estória:
Quando estamos a dormir há pouco tempo e nos acordam, dá-nos a ideia que foi naquele preciso momento que nos deixámos dormir. Pois foi isso mesmo que me aconteceu, sem ter noção de quanto tempo tinha passado e esta sensação foi agravada com um despertar de uma intensidade arrepiante e aterradora, que não quero voltar a experimentar por ter sido de uma veemência horrível a horripilância vivida.

Este violento despertar deveu-se a ter sentido movimentos sobre o meu pé esquerdo, uma espécie de arranhar na bota, o que me deixou ficar apreensivo, mas pensei de imediato, que era algo no chão da cabine do camião que rolara para o meu pé e tentei voltar a dormir.
Mas como podia algo que rolou, e numa recta, mexer assim?

Fiquei subitamente intimidado e olhei para o pé, mas a escuridão era tal que não permitia avistar fosse o que fosse.
Pensei então em pedir ao camionista para acender a luz da cabine, caso a tivesse, quando repentinamente, sinto algo que mexe bem vivo ao longo da minha perna esquerda e aí tive a certeza absoluta, de que só podia ser uma cobra.

Tenho horror àqueles bichos e, naquele sítio, em pleno deserto do Sahara, até poderia ser uma cobra peçonhenta, uma daquelas de cabeça triangular e de língua de fora, com duas presas no maxilar superior, prontinhas a espetarem-se na minha perninha.

Prego um grito e estupidamente e instintivamente estico violentamente a perna, pregando um pontapé no tablier do carro, o que podia ter assustado a cobra, tendo ela agora o motivo para injectar o seu brutal veneno na minha perninha e logo ali, num lugar sem qualquer socorro e com os medicamentos deixados no nosso camião em Barbás .

Com o meu berro e o barulho do pontapé no tablier do carro, o marroquino assusta-se e dá uma guinada no volante, o que projecta o camião para a esquerda, seguida de outra guinada do volante para a direita, voltando eu a sentir a mesma impressão, mas agora na perna direita, pois a outra estava esticada, quase junto ao pára brisas e os meus gritos voltaram a aumentar.

Foi uma sensação claustrofóbica, porque não podia fugir, associada a medo, repugnância, horror e aversão, agravada por ter sentido todo o contacto do bicho com a minha pele, pois o que trazia vestido eram apenas uns calções,.

É uma cobra, c’est une cobre stop, stop .arrete.

O meu horror e o medo de uma morte tão estúpida, como se a morte não fosse sempre estúpida, impeliu-me para abrir a porta do camião e mandar-me em voo para a estrada, o que não consegui, pois devido à escuridão, não consegui encontrar o manípulo da porta, nem consegui ver a cobra no chão da cabine do camião, nem afastar-me dela, pois não sabia onde estava, embora eu, já nesta altura, me encontrasse de joelhos em cima do banco.

O marroquino, penso que sem perceber o que se passava, mas tendo a certeza de que se tratava de algo de grave, pára violentamente o camião o que me projecta para a frente, ele abre a porta e salta da cabine para a estrada e eu, que tentei não cair em cima da cobra apoiando-me no tablier, volto para o banco, onde me tento pôr de pé, o que me força a bater com a cabeça no tecto do camião, de seguida rastejo pelo banco e atiro-me em voo, logo a seguir ao camionista e pela porta por onde ele saiu.

Por sorte não consegui abrir a porta do meu lado, pois o pavor que sofri era tanto, que saltaria com o camião em movimento, o que seria uma escolha errada, sendo preferível a cobra, caso ela não me picasse.

Mesmo assim a queda ainda foi grande, imaginem um salto partindo de cócoras de cima de um banco do camião e caindo em desequilíbrio em cima do duro asfalto.

Felizmente aprendi a cair, tantas já foram as quedas que tantas situações já me proporcionaram e por isso daquele incidente só resultaram uns arranhões e uma valente equimose no ombro esquerdo.
Levantei-me de imediato e corri para a frente do camião, para observar atentamente com a única luz possível, se a minha perninha, apesar de não ter sentido nada, tinha algum sinal de picadela, que tanto podia ser dois sulcos profundos no caso das cobras peçonhentas ou vários orifícios pequenos provocados pelas cobras de dentes pequenos e iguais.
Aforunadamente só apresentava os aranhões provocados pelo raspar da perna no asfalto.

-Monsieur q’est ce que c’est, pergunta-me o condutor do camião.

C’est une cobre, une grande cobre, disse eu, só então pensando que não sabia dizer cobra em francês.
-C’est um reptile um grand réptil une snake et il est dans l’intérieur du camion. Il m’a touché et tourné ma jambe.

Soube mais tarde que a palavra cobra “snake with a hood” é utilizada graças aos Portugueses internacionalmente para denominar a Cobra Capelo desde os tempos das descobertas marítimas, em que Portugal, na altura a maior potencia mundial, criava vocábulos para o mundo.

Eu em francês devia ter bradado couleuvre

Mais valia portanto ter gritado COBRA pois cobre em francês tem precisamente o mesmo significado que em português.
O desentendimento mantinha-se e nada melhor há do que a mímica para um bom viajante internacional.
O meu bracinho começou então a imitar o ondular do corpo da cobra e a minha boca guinchava o sopro vuuuuu que a as cobras fazem quando também têm medo e antes de morderem.

Imaginem uma noite de breu e um desgraçado com dor na perna braço e ombro a fazer teatro para outro, mal iluminados pelo farol de um camião, de madrugada longe de tudo e todos e imaginem as caras de incredulidade de ambos.

Trata se de uma cena penosa, hilariante, que gostava de ver representada.

Agora o marroquino já tinha percebido a situação mas tal como eu não entendia o desfecho da mesma, pois tínhamos uma cobra dentro da cabine do veículo que nos impossibilitava a saída daquela estrada por onde não passa ninguém.

Lembrei-me, então, de ir ao meu carro buscar uma lanterna para vermos o bicho e no meu pensamento engendrava a forma de nos libertarmos, bicho e nós, de tal situação.

Mas a situação não era de fácil resolução porque depois de a conseguir ver, como retirá-la?

Em outro lugar pensar-se-ia numa cana ou num pau comprido, mas no deserto não há árvores.

Encontro a lanterna e entrego-a ao marroquino, o camião era dele e eu achava-o com mais competência para lidar com cobras.

Mas como pensam que foi o desfecho do enredo?
Ele devolve-ma, porque tem medo de cobras.

Isto é que está aqui uma mariquice, filho da mãe do marroquino.

Bruto agarro na lanterna, abro com cuidado a porta do veículo, sentindo então todos os meus pelinhos do corpo a erguerem-se devido ao calafrio que esta conjuntura me acarretava e com a lanterna já apontada para o chão do camião olho com atenção e rapidez para o seu interior, consigo apenas distinguir um saco de plástico preto, vejo então ao lado do saco um vulto negro e grosso.

Pronto ali estava o bicho causador de tal estrago.

A cobra?

Qual cobra.

Quatro ou cinco lagostas que o marroquino tinha comprado em Barbas, penso que para revender, pois eles fazem dinheiro com tudo (como mais à frente irão ler) vivas, colocou-as dentro de um saco entre mim e ele, tendo uma delas caído para cima do meu pé, do que resultou as antenas terem roçado na minha perna imitando a tal cobra que o pensamento forjou.

Não avisam, não pensam e só um coração forte como o meu resiste, e até ver, a estes espaventos.
O RESTO DO TRAJECTO EM DIRECÇÃO A DAKLA

Retomámos o andamento e passados umas dezenas de quilómetros o marroquino pára o camião junto a um estaleiro com tractores com pá frontal, que têm como função retirar a areia que teima e com razão ocupar o elemento estranho daquelas paragens que é a estrada, sai e dirige-se para as traseiras dele e volta com um jerrican vertendo do seu interior gasóleo no nosso veículo.
Pergunto:
-É do seu patrão?
Resposta:
-Não, eu é que sou "amigo do guarda"..........

Esquemas! Só engendrais para ganharem mais.

É outra forma de aproveitamento do alheio.
Mais uma centena de quilómetros paramos numa estação de serviço para um franco convívio de meia hora com parlatório em árabe com trocas comerciais de franco agrado mútuo e chá que nem necessário foi pagar e com direito a factura de gasóleo sem ter havido abastecimento, ou antes abastecimento houve, mas na estrada.

Mais cem quilómetros e repete-se o ritual na segunda bomba de combustível. Pelos vistos não parámos mais vezes por só haver duas estações.

Resultado: Deixei de dizer mal da linha da CP do Oeste onde trajectos de cem quilómetros em um pouco mais de duas horas são de facto francamente mais rápidos apesar disto acontecer num país onde se irá construir um TGV com um trajecto de apenas trezentos quilómetros para poupar vinte minutos em tal trajecto.

O Hotel

Às três horas da madrugada lá cheguei às minhas acomodações, um hotel que à primeira vista me cheirou logo a espelunquice.
Retirei o meu jipe do reboque, pois sabia que tinha de ali permanecer cerca de quarenta horas e o jipe funcionava sem problemas atestando-o de água de trinta em trinta quilómetros.

Subi ao quarto, tratava-se de um apartamento com cozinha que tinha apenas um frigorífico e uma mesa e cadeiras de plástico, estava tudo limpo, mas havia uns insectos rastejantes que não me preocuparam pois não tinham aspecto de querer dormir comigo.
Pus o computador a receber fotografias para o disco externo, despi-me, pensei em tomar banho mas estava tão cansado que adiei para a manhã seguinte.

Já deitado olho para as paredes e verifiquei que tinha como companhia alguns mosquitos e mais de cem moscas.

Levantei-me, claro que aborrecido e fui à recepção em cuecas (não faço a mínima ideia do que os muçulmanos pensam de tal acto) para pedir insecticida, pois preferia dormir com algum veneno do que com todo aquele esvoaçar.
O Porteiro e guarda do meu carro e o recepcionista tinham desaparecido, chamei, fiz barulho, bati em portas, nada e de repente aparece uma mulher e então agora eu, em trajes menores, mas pensam que ela se preocupou, o pior é que ela só sabia falar árabe.
Lá tive de recorrer à mímica, com a mãozinha a pulverizar e a boquinha a fazer chchchch e a árabe não me compreendia.

Eu só em cuecas agarro-lhe na mão, claro que nem me lembrei que não se pode mexer na pele das árabes, consequência um gritinho histérico com um abanão tal como se tivesse apanhado um choque eléctrico, mas entendeu-me e foi comigo ao quarto e percebeu então o que eu queria, se calhar devido ao meu olhar de ódio para com as mosquinhas, mas não havia insecticida.

Agora quero mudar para um apartamento com menos moscas e a saharaui volta ao corredor comigo para recorrermos à mímica da imitação da chave na porta do outro quarto.

A árabe percebeu, mas, para ela agora eu queria dois quartos e portanto tinha de pagar mais.
Passei-me e propositadamente toquei-lhe na mão para acabar com a contenda e ela lá me foi buscar a chave.
O outro quarto só tinha insectos rastejantes e lá dormi deixando a roupa e tudo o resto no outro quarto.
Acordei já de dia levantei-me a pensar no que mais me irá acontecer e dirigi-me à sanita e espanto meu sentado nela os meus pés ficavam no ar no interior da base do chuveiro.

Olhei para observar a casa de banho e de facto ela tinha espaço suficiente para ter tudo de forma diferente não necessitando de tal anomalia, mas eu na Mauritânia também já estive numa casa de banho num hotel de chinguetti, onde a água do autoclismo estava ligada à canalização da água quente, intentos de engenharia do Sahara.

Mas logo a seguir percebi a intenção de tal arte, é que não havia papel higiénico, portanto e então era só levantar e ficar no chuveiro, que foi o que fiz.

Mas agora no duche a quantidade de água que deitava era só um fiozinho. Molhei-me, pus champô e ensaboei-me e abri novamente a água e agora o fiozinho ainda parecia menor.

Reparo então numa torneira por baixo do cilindro eléctrico e lembrei-me que no camião para poupar água, o Victor deixa a torneira quase fechada e pensei que aqui fariam o mesmo, pelo que fui à torneira virei-a para um lado e deixou de deitar água e virei para o outro e também não deitava.

Transformei então a torneira numa ventoinha tal a ansia de obter a águinha, mas nada.
Penso então em ir para o outro apartamento embrulhado no lençol de banho, mas não havia lençol de banho, visto as cuecas e aí vou eu e mal saio deparo logo com outra árabe que andava a fazer a limpeza, mas desta vez eu não estava em trajes menores, estava apenas mascarado de homem ensaboado.

Entro no outro apartamento onde claro também não havia água nem lençol de banho mas onde eu ainda tinha t-shirts limpas que utilizei para tirar o sabão.

Mas já agora pensem no vosso aspecto após porem champô no cabelo e não haver água para o tirar.
Vesti-me, agarrei nas minhas coisas e fugi para outro hotel pois ali não ficaria na segunda noite que teria que passar em Dakla.

No caminho para o outro hotel que conheço de paragens anteriores e para onde não fui por o marroquino me ter garantido que estava esgotado. descobri um novo hotel que me pareceu um paraíso colocado em tais paragens, é dirigido por uma senhora francesa ajudada pelo seu marido, é novo, esteticamente muito bonito, fica em cima da praia e do exterior a fachada

parece apenas um miradouro para o mar, é uma maravilha de organização e um paraíso para os pescadores desportivos e para mim foi uma dádiva

Aquilo do primeiro hotel foi mais um esquema dos Marroquinos, no recebimento de percentagens.
Ideias Nómadas quando costuma escolher hotel sabe bem quais os hotéis onde os seus clientes podem ficar e quando pedimos a assistência em viagem pedimos alojamento no Sahara Regency e foi-nos dito que estava esgotado o que vim a verificar não ser verdade.

DAKLA Permaneci à espera de avião um dia e uma manhã em Dakla, que fica numa península que dista vinte e cinco quilómetros da costa africana e que tem um clima ameno com pequenas variações de temperatura entre a noite e o dia e em terras saharauis.