2006/09/11

TODO O TERRENO, LEIS DE MURPHY E MOSCA.

Continuando a nossa 1ª expedição à Mauritânia, IDEIAS NÓMADAS vai mostrar-vos a importância que as Leis de Murphy têm na prática de todo o terreno.

Esta expedição, como o nome indica, foi mesmo para desbravar terreno e a nossa empresa pensou que a forma mais simples de levar clientes ao paraíso mais próximo de Portugal para a prática de todo o terreno, a Mauritânia, seria na modalidade de Fly and Drive e fizemo-la mais para saber como iria funcionar o Drive, pois o terreno já o chefe conhecia.

O norte e centro da Mauritânia é o coração do Sahara com belezas naturais que já todos viram do alto, nas reportagens do rali Dakar.

O desfiladeiro... (tenho de ver como se escreve o nome)…… milhares de vezes filmado pela Eurosport e que se tornou um lugar mítico.

Planícies de areias douradas, brancas e amarelas juntam-se aqui, cortadas por elevações esculpidas pela erosão com formas distintas mas imponentes, alguma vegetação rasteira e acácias que se combinaram com os fortes ventos para conseguirem formas esculturais que me levam a ser amante de fotografias de árvores, tal o encanto que algumas têm e que me fazem pensar se Alá não comandará os ventos só para as criar.

Dunas são aos milhares de milhões, em extensões incalculáveis ao olhar, de ondulações douradas, de formas variadas e mutantes ao sabor dos ventos, as grandes com os seus nomes próprios, nomeadas há séculos pelos nómadas na passagem das suas caravanas comerciais de troca de produtos de norte para sul e para este.

Oásis com os seus palmeirais que assumem aqui uma coloração forte, viva e única, pontos obrigatórios de passagem e de descanso, de uma beleza indescritível.

Ainda hoje, sempre que chego a um oásis e mesmo áqueles onde já estive várias vezes, sinto contentamento, satisfação e admiração por estes lugares belos emanantes de contraste de côr e vida e que pela emoção sentida, considero serem sagrados, sendo com pouca vontade de que de lá saio sem uma permanencia prolongada.


1ª Expedição gastronómica de Ideias Nómadas

Tenho pensado muitas vezes na 1ª expedição gastronómica de Ideias Nómadas, em que cada bom repasto repleto de iguarias, acompanhado por um bom tinto do Douro, do Alentejo ou do Dão, seguido de uma velha aguardente de vinho verde, acompanhada por um habano, por exemplo Hoyo de Monterrey, seria sempre feito em oásis e seguido de uma siesta e numa de, parte quando parte e chega quando chega, pois a pressa mata e o acampamento é já ali e lá se há-de chegar, senão for hoje amanhã havemos de lá estar.

Agora temos um Unimog que precisamos de estrear
e que tem arcas frigoríficas para peixes (estou a pensar em cherne), carnes (estou a pensar em porco preto, sei onde há bom) compartimentos para enchidos( estou a pensar em porco preto), presuntos(estou a pensar em porco preto), queijos(estou a pensar de leite de ovelha), azeitonas (estou a pensar em marroquinas), patés (lá temos também que levar um Sauternes) etc.

Sabem-me dizer, se ao fim de uns dias de confeccionado, o leitão assado ainda é bom?

Trouxas de ovos no frigorífico aguentam-se bem, isso eu sei.

Sericáia não precisa de frio deixando mais espaço nos frigorificos para o que nos aprover.

Algo mais dificil ou impossivel será transportar um Porto Vintage sem ser agitado.

Já me estão a chamar snob, mas também levamos cacahouettes marroquinas (para quem não sabe são torradas sem casca exterior) que costumamos comprar em Azilah, para acompanhar uma Super Bock gelada à merenda.

Mas claro que há mesma refeição tambem teremos um Alvarinho para regar uma boa mariscada.

Escrevam-me a combinar quando, vou eu, o Rui, o Mário, o Alexandre, o Francisco (mas o Soares),etc.
A madrinha dos meus bloggs também quer ir.

As inscrições só serão aceites após prestação de provas degustativas em restaurantes "danados de bons".

O chefe e o Zé ficam em Marrocos, onde já há Mac Donalds e fazem omeletas.

Falta contar a parte restante da história da mosca que será quando voltar a vontade e a inspiração, pois agora fiquei com apetite, vou comer.

2006/07/15

A PIOR PISTA DA MAURITÂNIA .


Cá vai mais uma estória e mais uma vez na Mauritânia e, como não podia deixar de ser, com um importante cliente da Idéias Nómadas, www.saharateam.com.

Todos os clientes são importantes e todos são iguais, mas há uns mais iguais que outros (li isto num tratado sobre democracia).

Desta vez foi com um arquitecto que o chefe colocou, logo comigo, a compartilhar o mesmo jipe.
Ele, coitado, estava com um certo receio, andámos juntos um só dia, desistiu e já vão saber o porquê.

A "expedição" era constituída por pick-ups alugadas para poucos dias e muitos quilómetros, com guia, cozinheiros e montadores de tendas.

Logo no primeiro dia e no primeiro grande erg (conjunto de dunas), atolanços e dificuldade em prosseguir.
O meu chefe já estava lá em cima e diz-me por rádio:
- Tem que meter baixas (posição da caixa de velocidades que permite mais força), tem que ganhar embalagem e tem que me contornar pela esquerda.

Eu, nas dunas, ando bem, excepto quando chego à crista e não vejo em frente e faço o que não se deve fazer, tiro instantaneamente e de forma involuntária o acelerador e o jipe fica overcraft a chegar ao porto, metendo-se pela areia adentro, atolando-se.

Aqui não haveria problemas pois tinha a indicação da passagem.

O chefe estava na crista da duna e dizia-me para o contornar pela esquerda, seria pois a passagem certa, pela direita não se devia poder, por ser talvez uma vertente muito acentuada ou um buraco no meio das dunas.

Chefe tem sempre razão, excepto quando me manda andar devagar e lá atrás no pó, aqui era quanto mais velocidade melhor, acedi prontamente, acelerador a fundo e preparação para montanha russa.

Mas ainda hoje estamos para saber se ele me mandou contornar pela esquerda ou se eu ouvi que era pela esquerda.

Resultado, uma hora para tirar o jipe daquela situação e sítio.

O chefe garante que me disse que era para contornar pela direita.

O arquitecto, a seguir, e com alguma razão, tomou conta do volante, não o largando mais.

Lá continuámos, pista, dunas, oásis, pista, areia e o arquitecto sempre a queixar-se que não gosta de conduzir carros, principalmente aqueles em que se tem que mexer na alavanca de mudanças e a dizer-me que da próxima vem de
mota, mas deixar-me conduzir é que nada.

Eu achava que ele tinha o direito de conduzir, pois o jipe era para os dois, mas se não gostava, para que insistia?

Ir ao lado tem também as suas vantagens, os olhinhos conseguem ver tudo e a paisagem merece minuciosa observação.

São planícies castanho-douradas, a perder de vista, numa imensidão em todo o redor, semeadas com alguns arbustos e acácias, vendo-se alguns nómadas nos seus dromedários e com elevações erosionadas pelo vento, com formas distintas, cinéfilas e que nos excitam com a sua beleza e cor.

A jornada foi longa e dura e, com ele ao volante, andava-se mais devagar, com o chefe sempre à nossa espera.

O arquitecto é motard e a relação dele com a prática do todo o terreno e com a areia é óptima nas motas, mas nos carros....

Íamos jantar a Atar e dormir no hotel, comecei a ver que o jantar se ia tornar ceia e que o dormir teria que ser apressado.

O arquitecto lá continuou agarrado à rodinha, fez-se noite e, cansado, desistiu.

Lá fui eu para o volante, de noite, e digo-vos, fiquei tramado, estive quase para lhe dizer não, mas a fome apertava e comigo a conduzir íamos chegar meia hora mais cedo, pensava eu.


Entre Akjoust, uma povoação que no mapa parece uma grande metrópole mas que se resume a alguma população e duas bombas de combustível, e Atar, coração histórico e turístico da Mauritânia, que este ano, bem como em anos anteriores, pilotos e caravana do Lisboa Dakar 2007, têm o seu dia de descanso, fica a pior pista deste país com um piso que é diferente da restante Mauritânia, com pista com muita pedra, aberta no meio de pedras um pouco maiores, que de dia se confunde com o restante terreno e onde à noite tudo é igualmente pardo, seguíamos já distantes do carro do chefe.


O arquitecto tem pavor de se perder e só confia no chefe, gosta de andar no pó dele, eu detesto pó e as luzes traseiras do carro da frente, na sua dança, quase me hipnotizam; e ele já ouviu uma estória da minha pessoa, a ter tentado atravessar umas dunas enormes no sul de Marrocos, cuja direcção o GPS indicava, paralelas à fronteira Marrocos-Argélia, zona ainda por cima minada, mas isso foi na segunda vez que lá fui e os pontos GPS eram digitados à mão, o que podia levar a enganos, como aconteceu, sendo isto mais uma razão para ele não confiar em mim.


Alá neste dia não estava comigo, perdi a pista e, em vez de voltar para trás, prossegui no meio dos calhaus, evitando os maiores, seguindo o GPS e tentando mais à frente retomá-la.

Todo o cuidado era necessário, pois além de poder lesar o carro, não queria furar e de repente ali estava a pista, meti nela e começámos a seguir em direcção transversal à que anteriormente seguíamos, portanto era outra pista e pensei que se a seguisse e como ia em direcção a um monte que estava "já ali", encontraríamos provavelmente outra que nos levasse na direcção correcta.

Gritos no carro e agora já não eram só do arquitecto, o nosso guia que viajava no banco de trás entrou também no coro de protesto, ambos com medo de se perderem.

Pensei, querem ir por cima dos pedregulhos então levem o jipe, mas por respeito lá fiz mais um pouco de trial, a dois quilómetros por hora, jincando os pedregulhos maiores e ao mesmo tempo travando-me de razões com os meus dois
companheiros.

As pedras eram mesmo grandes e a situação horrível.
Sabem o que é andar de jipe com uma roda em cima de uma pedra, a outra roda a subir a outra pedra, a roda de trás a descer um pedregulho e a quarta roda nos dez centímetros que distam entre duas pedras e com os olhos nos pedregulhos da frente para tentar evitar o embate? E isto em quilómetros de extensão e sem ter a certeza de quando alcançar a pista, com três pessoas nervosas no jipe, o chefe lá à frente à nossa espera, fome, cansaço, escuridão, pois no deserto,
por bons faróis que se tenham, de noite vê-se sempre mal, horroroso.

E o evitável não o foi.

Repentinamente, pum pum, o jipe saltava ainda mais e ali o deixámos com o veio de transmissão, que é um ferro grosso e direito, agora transformado num ferro em forma de oito, e isto no centro da Mauritânia, longe de tudo e sem possibilidade de qualquer assistência.

A próxima estória passa-se dois dias depois desta e vai ser sobre a "mosca".
Tenho de me preparar mentalmente para vo-la contar, pois não quero que pensem na sua inverosimilidade.

2006/07/12

Stories, motors, wheels and Sahara


Hello every body!

I am starting this blogg with a story, a true story, which I URGE to settle, because
I am fond of motors and wheels.

You’ll understand the urgency to resolve this on the lines below.

Last Easter I was traveling once again to Sahara with some friends of my Saharateam http://www.saharateam.com/ when I crossed with an Englishman on the southwest road of Morocco, near Dakla, far away from the late capital of West Sahara, Layoune.

Going south from Dakla there is a narrow road, with few traffic and long straight roads, crossing the nomads land and leading us to the Mauritanian border.

Everything started 120km south Dakla.

Two cars and a truck with motorcycles for the Saharateam clients were being driven at 80 or 82km/hour (high speed, as you see) and I was behind them.

A sort of “rule” was established in that part of the desert, the first car puts the lights on, either to greet or for them to know that I’m there again.

On that narrow road, with nobody, I find an English motorcycle, no worry on the face of the motard, and I think to myself “may be this man is having some problems. If he is and nobody helps him, when I return north I will find only his bones”.I made a u-turn and the result is: an Englishman older than me, with a BMW a little bit younger than him, with lots of sand in the carburetors due to a sand storm. I think he learned that in the desert, with wind, the motorbikes should not be dismantled.

The good Samaritan decided to help the Englishman.

He tried to put the bags and the helm in the back of the jeep with the other entire luggage but… no chance. The little jeep was full. However, there was enough room for the helm.
The Englishman sat on the right seat, with his bags over him.
Driving back for some help we found many beautiful houses in a beautiful village, but… nobody. Going 60km further north we found a service station in construction, which had already a telephone and where an “expert” businessman had already left some cards for “dépanage” trucks.
We ascertained with the “expert” businessman to pick up the Englishman at the service station, as well as the bike on the road.
And there he stayed, waiting for the “rescue” and thanking me for the trouble, and I went again south to join my group.

I drove the fastest I could to reach my team, my “boss” being already a bit upset and, after some hundreds of km south we finally reached the last service station in Morocco.

We could not go any further, to Nouadibou in Mauritania, where we had an hotel booked, because the border was already closed – no electricity, and it was hard to do all that bureaucratic work with a lamp.

So we decided to stay in the service station, have a shower and sleep in the possible bedroom, while one of my friends preferred to camp.

When I opened the back of the jeep to pick up my luggage I laughed to tears!!! Guess what I found – the HELM of the Englishman.
~
I forgot it was in the back of my car, so did he.

Now you can understand the problem I URGE to settle: either I find the Englishman and give him back the helm or, being fond of motors and wheels, I will have to buy a motorbike.

Can you help me?I have already seen a Suzuki 600, or should I buy a KTM? Because the helm I have already…

May God help me to settle down…

http://www.lisboadakar2007.blogspot.com/
http://www.saharagrandedeserto.blogspot.com/

2006/06/25

Aventureiros, nós?



Depois de ter percorrido de lés a lés e variadíssimas vezes o Sahara Marroquino e o Sahara Ocidental, eis me pela primeira vez na Mauritânia.

A Mauritânia é um país com uma grande extensão territorial.
É quase duas vezes maior do que a França e um pouco menor que Angola.
Tem muito pouca população, que está quase toda alojada em cidades.
No sul, na capital Noakchot, no norte na maior cidade e maior porto do país Nouadibou, e no centro no maciço de Adrar.

O que vos vou contar aconteceu na região de Adrar, a Trab El Hajra “País da pedra” o coração histórico e comercial do país, onde existiram as grandes e antigas cidades atravessadas pelas caravanas nómadas, Ouadane, Chingueti, Tichitt e Oualata, que desde 1996 estão inscritas pela Unesco, na lista dos monumentos considerados património mundial.

Quando se percorre a Mauritânia,a noção que se tem é espaço, olha-se nos 360 graus em redor e vê-se o infinito, andam-se centenas de quilómetros. sem se ver viv'alma.
São planícies arenosas douradas e onduladas, poucos oásis, mas lindos, dunas de várias formas, algumas enormes, as pistas são de fácil progressão e bastante suaves, estragando pouco os veículos que conduzimos e tal como na neve, por vezes dá mais gozo ir por fora de pista, onde o piso também é bom, mas onde o imprevisto, ou melhor, previsto salto, lomba ou depressão, deve levar a uma ainda maior atenção, para ser evitado.
Os animais durante o dia estão escondidos, vendo-se por vezes lebres ou raposas do deserto, quando os nossos jipes estão em rota de colisão com os seus esconderijos.

Em relação a isto tenho uma estória para vos contar.



ESTÓRIA

Um respeitoso cliente da http://www.saharateam.com/ , professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa e motard nos tempos livres, cansado de tantos quilómetros, cheio de calor e farto de tentar evitar tanta erva camelo, resolveu entregar a sua mota a um dos enlatados (pessoa que viaja dentro dos carros) .
O jipinho em melhor condição para o acolher era o meu.
Hesitou um pouco, mas lá veio ter comigo, dizendo-me logo.
-Sei a maneira como você conduz, mas peço-lhe o favor que não faça avarias e que vá devagar, pois tenho medo de andar de jipe (foi a maneira polida, de me dizer "tenho medo da sua condução"), ao que eu acedi de boa vontade e tudo fiz para que o senhor pudesse descansar um pouco e que fosse comodamente instalado, liguei o ar condicionado e deixei de carregar no pé direito, passando a olhar mais para os lados,
mas… eis que na tal rota de colisão me surge uma lebre ….primeiro pensei só em a seguir, para a ver melhor, mas como ela cada vez me dava mais luta, mais velocidade e mais curvas apertadas, comecei a pensar como seria bom comer lebre ao jantar e a corrida ainda se tornou mais intensa, o professor. gritava ao meu lado, pensando eu que era para me entusiasmar naquele principio de luta carro lebre, em que a lebre estava a levar a melhor e a conseguir fintar-me com uma pinta danada.
Como os gritos se intensificaram e também já havia gritos no rádio, que eram do meu chefe, percebi então que o meu passageiro estava aflito com um possível capotanço do jipe e lembrei-me do prometido, abandonei a luta que foi prosseguida pelo meu amigo Didier que conseguiu vingar a minha derrota, indo a lebre directamente para a carrinha onde seguia o cozinheiro, com indicação do repasto.

Ao fim do dia, já no acampamento, preparei-me para ir fazer um ensopado de lebre, é que eu gosto daquilo e já estava com apetite e qual o meu espanto, os mauritanos tinham deitado a lebre fora, e porquê? por ter acabado por morrer sem ter sido sangrada e assim não se pode comer, norma dos muçulmanos.

Outra luta, esta de índole religiosa, esteve prestes a iniciar-se, mas os usos e costumes de cada um devem ser respeitados, assim os muçulmanos respeitem os nossos.

Outro dos animais que também se vê e que hoje sei, devia ser o símbolo do Sporting Clube de Portugal, são as impropriamente chamadas iguanas e cujo verdadeiro nome é lagarto egípcio de cauda espinhosa.
Este bicho adora tudo o que é verde, comendo tudo e até papel dessa cor. Não mete água, pois dizem que se lhes der água morre.

Lagarto, adora verde e não mete água--
-Sporting Clube de Portugal, porquê o leão?

Deixemos isto, para vos contar aquilo que me fez fazer estes escritos.

Mauritânia, paisagens douradas espectaculares, cortadas por elevações cinéfilas, e onde de quando em vez se vêem acácias com formas esculturais talhadas pelos ventos e que fizeram de mim um fotógrafo de árvores, o que por vezes me faz sair das rotas, porque, “já ali” está uma acácia que parece diferente.
Mas o ”já ali”, é ainda maior que no Alentejo e o que parece já ali, está a grandes distancias, pois a grande luminosidade e uma atmosfera sem humidade, dão um máximo de transparência.
As cores são lindas, os oásis com os seus palmeirais deixam-nos ficar boquiabertos .

É por isso que os estúdios de cinema são no deserto, tanto nos E.U.A. como até na nossa vizinha Espanha, onde no único e pequeno deserto europeu, o Deserto de Tabernas, também há um estúdio de cinema.
Mas não é só a luminosidade, os próprios cenários naturais de beleza indescritível, também são um dos motivos.
São estas belezas naturais que me atraem e me fazem ir tantas vezes ao Sahara e que fizeram com que tenha ido à Califórnia e não tenha tido tempo para ir a São Francisco.


Voltemos então à Mauritânia, onde fui pela primeira vez e onde vários jipes com europeus, acompanhados por duas carrinhas com mauritanos, para nosso apoio nos acampamentos, percorrem quilómetros e quilómetros de bela vastidão e onde só de tempos a tempos surgem como vida, alguns dromedários, que para ali foram trazidos para aproveitamento das pastagens.
Só podemos contar connosco, além da beleza natural não há mais nada, nem abastecimentos, nem combustíveis, nem nómadas, nem qualquer tipo de ajuda, dormida, só em acampamentos.

Sinto-me um explorador, e isto é ou não é uma aventura ?
Pois, mas já vos conto.


HISTÓRIA

No planalto de Adrar , perto de Guelb Richard, cratera feita de vários círculos concêntricos, sendo quatro os principais, uma das poucas formações da terra que se consegue ver a olho nu do espaço e se pensava, ter sido formada pelo impacte de um meteorito, sabendo-se hoje, ser uma formação geológica rara, provocada por um acidente tectónico circular, fica Chingetti, a sétima cidade santa do Islão, com as suas mesquitas sagradas e muitas bibliotecas e no meio fica Ouadane.
Estas cidades que foram esplendorosas desde a sua formação no sec. XII D.C. até ao sec XVII faziam parte da rota dos comerciantes nómadas que com os seus dormedários atravessavam os desertos, trocando aqui o ouro , marfim e âmbar da África negra por metais, sal, vestuário, perfumes e jóias da região do Maghreb.


OUADANE

Ouadane era uma dessas cidades de comércio, chamadas “ksour”ou cidades fortificadas.

Constituída por três mil casas de pátio interior, das quais, só estão habitadas, hoje, quatrocentas, estando o restante em ruínas, localizadas em labirintos de ruelas estreitas e situada numa encosta do planalto do Dhar, confundindo-se ao longe, pela cor das casas, com o próprio planalto.

Nesta cidade longe de tudo e do mar, que só tem acesso por pista e onde antigamente só se conseguia chegar em caravanas de dromedários, mas que era bem conhecida pela sua actividade científica e cultural e onde eu, na “minha aventura” estava mentalmente fazendo uma “expedição”,------ fundaram os portugueses em 1487, um centro comercial.

Na altura Portugal tinha 1500 000 habitantes e tão grande e longe fomos.
Hoje com
10 000 000 , somos um pequeno país, que o futebol agita.

Aventureiros nós?
Sê-lo-íamos se esta viagem fosse no sec. xv, onde os nossos antepassados de facto o foram, elevando Portugal à potência mundial que fomos, mercê dos conhecimentos científicos possuídos.







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2006/05/28


ESTÓRIAS MOTORES RODAS E SAHARA
.








Olá a todos


Estou a começar este blogg, onde pretendo misturar as minhas estórias com os meus “hobbies” ou paixões – motores e motores ligados a rodas.






E conto-vos que já tenho um seguidor a quem deixar a minha frota: o meu lindo neto (os avós são assim).
Ele fica especado quando vê uma “bôta” (mota, na sua linguagem de ano e meio) e já faz comigo, ao meu colo e ao volante, 100 metros diários na rua onde moro, voltando para casa a pé (se contarem isto à GNR desminto). Claro que não tem trânsito e claro que não se deve fazer.


Mas ele não é o único a adorar motas (vejam a foto).














Sou médico e comecei a trabalhar há já algum tempo em expedições em África, numa empresa de eventos (http://www.ideiasnómadas.com/) (digo, em vez de trabalhar a divertir-me, pois é norma das nossas viagens proibir as pessoas de terem contacto com doenças).






Tornei-me, modéstia à parte, num expert à minha maneira em desertos e também nas diferentes formas de estragar e atular jipes.















As minhas estórias penso que são giras, pois misturam a tentativa de ser perfeito e eficiente com as minhas muitas distracções.

E quando é que eu me distraio? Pois quando estou a fazer uma coisa e a pensar em duas ou três outras ao mesmo tempo. Se eu pensar só numa coisa, o que estou a fazer sai bem.

Vou começar pela minha última estória. E é pela última não porque a arteriosclerose me esteja já a atacar, mas pela urgência que esta estória implica.

No sul de Marrocos, antigo sahara ocidental espanhol, situa-se o Cabo Bojador, dobrado pela primeira vez pelo navegador português Gil Eanes e que nós, na nossa romanceada História, pensávamos ser um lugar de difícil passagem devido a tempestades, mar revolto etc. (Quem quer passar além do Bojador/Tem que passar além da dor, disse Pessoa).


Eu já passei por lá 6 vezes e vi sempre um mar muito sereno, onde eu próprio com um barco a remos (mas com motor) seria capaz de passear.

Descobri, entretanto, pois não sou um expert em História, que o problema dos navegadores portugueses era o de que a sua progressão se fazia a bombordo (lado do barco donde se avista terra), pois no Bojador, como podemos ver pela fotografia, a profundidade do mar mesmo a centenas de metros da costa é muito baixa, e o perigo de encalhar era grande, e para o evitar tinham de se afastar demasiado de terra; caso deixassem de a ver havia o perigo de chegarem ao Brasil, que eles não sabiam que existia.
Esta baixa profundidade é hoje aproveitada por "armadores" sem escrúpulos, para abandonarem os antigos navios, não tendo em conta sequer a beleza natural desta baía, de água de cor indescritível.


Se o infante D. Henrique tivesse imaginado chegar ao cabo da Boa Esperança em 4X4, essa descoberta teria sido mais tardia mas mais segura, e o UMM teria sido fabricado mais cedo.

Mais a sul de Marrocos situa-se a última cidade marroquina, chamada Dakla situada já a muitos Km da capital do Sahara Ocidental

El Aaiún ou Layoune.




Para sul de Dakla fica uma estrada estreita e com movimento quase nulo, com grandes rectas, que atravessa a terra dos nómadas levando-nos à fronteira da Mauritânia.



Pois foi a cerca de 120km para sul de Dakla que tudo começou.

Dois carros e um reboque com motas para os clientes do Saharateam seguiam à minha frente numa pasmacenta velocidade de 80 e por vezes 82Km/hora com alguns percalços que dão tempo para tudo.


















Nesta estrada passo mais tempo a olhar para a esquerda, terra dos nómadas, e para a direita, o mar dos conquistadores portugueses, do que para a frente.


Pois diz-se que as palavras são como as cerejas, pois vamos então à estória.

















Mas antes e depois de ler o que atrás está escrito, fiquei com a sensação que vocês pensam que vou lá para sofrer.

Nada disso. Nós só falamos do mau, pois vou mostrar-vos o lado bom.

Começo pelos pervilegiados que não fazem a tal estrada.



















Continuo com os hotéis onde costumamos ficar.














No deserto, por vezes, as coisas mais simples são fantásticas.



















Acampamentos? O que acham?

O convívio é fácil e muitos são os temas de conversa

e o que aconteceu aqui no final não é o habitual. O habitual é criarem-se grandes amizades.





Felizmente o Dakar não passou neste dia
E com respeito a companhia, podem arregalar os
olhos.










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Estória

Em terras de nómadas, onde só passa um carro de vez em quando e onde já sabem que eu às vezes por ali passo, foi criado o hábito que o carro que vem de frente acende os faróis. É capaz de ser para cumprimentarem, mas também pode ser para que tenham a certeza de que eu os vejo.

Nessa estrada estreita e sem ninguém encontro na berma uma mota inglesa parada, com o motard completamente despreocupado. Passo por ele e penso 'será que o homem está com problemas? Se está e ninguém o ajudar, quando eu voltar para norte posso encontrar apenas os ossos'.
Inversão de marcha – resultado: inglês mais velho que eu, com uma BMW um pouco mais nova que ele e que, devido à tempestade de areia, tinha areia nos carburadores.
Como, não sei, mas penso que aprendeu que no deserto, quando está vento, não se desmontam motas e nós, sabendo isto, também não desmontamos nada, sorte do senhor pois com a nossa vontade de ajudar ele corria o risco de ficar com a mota definitivamente desmanchada por não sermos capazes de a montar.

O bom samaritano resolveu ajudar o inglês.

Agarrou nele e nos sacos, e ainda no capacete, e tentou metê-lo no pequeno jipe que “roubou” à mulher, pois o dele é longo, bom, mas está estragado.

Primeira manobra: tentar meter toda a mercadoria no atafulhado jipe.
Abri a bagageira e arranjei um pequeno espaço para meter o capacete.

O inglês apercebe-se do problema, senta-se no banco da frente e coloca todos os seus sacos sobre ele.

Voltamos para trás alguns quilómetros e encontramos muitas casas novas, numa aldeia bonita, mas nenhum habitante... mistérios de um território em organização.

Lá voltamos nós mais 60Km para trás, o que em África não é nada, encontramos uma bomba de gasolina em construção, mas que já tinha telefone e onde um “expert” empresário marroquino tinha deixado um cartão de “dépanaje” reboque.
Combinámos por telefone, com o marroquino, para vir buscar o inglês à estação de serviço e a mota à estrada.

Lá deixámos o inglês, que não sabia uma palavra de francês, em terras onde aquela gente não sabe uma palavra de inglês.

Viemos embora, com o agradecimento profundo do já nosso amigo motard e com a sensação do dever cumprido.

O meu chefe de Ideias Nómadas fica muito nervoso quando a distância entre nós já não permite o contacto via rádio.

Eu já o imaginava de 10 em 10km a ver se tinha rede no telemóvel e depois a pensar que, afinal, ali não há rede.

Tal como não há rede, também não há radares controladores de velocidade. Os carros da frente acendem as luzes e só é preciso cuidado com algumas dunas, que sabem que o asfalto não pertence ali, e com os camelos que, não percebo porquê, não estão sempre do mesmo lado da estrada. Até porque os dois lados da estrada são iguais… Porque é que passam dum lado para o outro?

120 km de distância para o “boss” necessita de muito gás. E olho com tristeza para as boas fotos que não posso tirar, mas que tenho a esperança que já estejam arquivadas no computador, de outras viagens à Mauritânia, pois variar de estrada para este destino não é possível.


Ao fim de umas centenas de quilómetros para sul começo a ouvir na rádio a voz roufenha do grupo.
Estavam na última estação de serviço de Marrocos e já não podiam passar para Nouadibou, onde tínhamos um bom hotel marcado. A fronteira fechava ao cair da noite. Calculei eu o motivo – não têm electricidade (é que toda aquela burocracia à luz da vela não deve ser fácil).


Comecei a pensar onde é que o grupo se iria alojar; sabia que a estação de serviço tinha quartos, mas… como seriam os quartos? No entanto, mais valia ficar num quarto do que numa tenda.






Não o entendeu assim um amigo meu que, na mesma viagem, em vez de levar um saco cama, levou por engano outra tenda, tendo assim dormido com duas tendas.
http://www.ideiasnómadas.com/ após reunião, resolveu com aprovação por unanimidade, cobrar apenas uma dormida, tendo considerado para situações futuras, "dormida em tenda envolto noutra".










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Pensei também na "comodidade" do banho e fiquei contente por o poder tomar a "solo".

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Parei o carro no que Alá transformou o destino daquele dia.
Mal o “boss” me viu, veio a correr para me dar a chavinha da suite, ou melhor, para aproveitar para me dar a “rabecada” pelo meu atraso. Eu desboquei, “passarem antes de mim pelo inglês e nem sequer pararam”, ofensa para o chefe que também é motard.

Abro a bagageira para levar a mochila para a suite e… espanto meu, seguido de ruidosa gargalhada, (só rimos da desgraça) ali estava o capacete do motard inglês que eu tinha deixado ficar 500km a norte.

Ainda se alvitrou a devolução do capacete, mas como 500km mais 500km dá 1.000km, começámos a imaginar que em Dakla ele o conseguiria substituir, talvez por um penico de esmalte… (isto não é maldade, mas a situação deu para o divertimento).


Esta estória talvez sirva para conseguir devolver o capacete e para saber se a resolução alvitrada se concretizou ou se o inglês teve o engenho e arte de arranjar melhor solução .

Vou enviá-la a vários clubes de motards portugueses e depois de retrovertida em inglês para todos os clubes de motards ingleses, que para além de ficarem a conhecer as nossas actividades, talvez tentem descobrir o antigo dono do capacete.

Eu tenho urgência nesta devolução, pois agora tenho um bom capacete e não tenho mota… E caso acabe por ficar com ele o resultado final está-se mesmo a ver: amante de motores e de rodas, já estou a olhar para uma Suzuki 600, baixinha e sem carnagem, ou será que eu não ficaria melhor com uma KTM?

Que Deus me dê juízo!!! E ao inglês também.



Na restante viagem, como as fotos abaixo documentam, correu quase tudo bem.

No TT, todos os dias são plenos de actividade, de acontecimentos e até porque parte-se quando se pode e chega-se quando se consegue, havendo sempre muitas estórias.


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Querem mais estórias?

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Ou preferem participar?




www.ideiasnómadas.com



Stories, motors, wheels and Sahara

Hello every body!

I am starting this blogg with a story, a true story, which I URGE to settle, because I am fond of motors and wheels. You’ll understand the urgency to resolve this on the lines below.

Last Easter I was travelling once again to Sahara with some friends of my Saharateam http://www.saharateam.com/ when I crossed with an Englishman on the southest road of Morocco, near Dakla, far away from the late capital of West Sahara, Layoune.

Going south from Dakla there is a narrow road, with few traffic and long straight roads, crossing the nomads land and leading us to the Mauritanean border.

Everything started 120km south Dakla. Two cars and a truck with motorcycles for the Saharateam clients were being driven at 80 or 82km/hour (high speed, as you see) and I was behind them.

A sort of “rule” was established in that part of the desert, the first car puts the lights on, either to greet or for them to know that I’m there again.

On that narrow road, with nobody, I find an English motorcycle, no worry on the face of the motard, and I think to myself “may be this man is having some problems. If he is and nobody helps him, when I return north I will find only his bones”.

I made a u-turn and the result is: an Englishman older than me, with a BMW a little bit younger than him, with lots of sand in the carburettors due to a sand storm. I think he learned that in the desert, with wind, the motorbikes should not be dismantled.

The good Samaritan decided to help the Englishman. He tried to put the bags and the helm in the back of the jeep with all the other luggage but… no chance. The little jeep was full. However, there was enough room for the helm. The Englishman sat on the right seat, with his bags over him.

Driving back for some help we found many beautiful houses in a beautiful village, but… nobody. Going 60km further north we found a service station in construction, which had already a telephone and where an “expert” businessman had already left some cards for “dépanage” trucks. We ascertained with the “expert” businessman to pick up the Englishman at the service station, as well as the bike on the road.

And there he stayed, waiting for the “rescue” and thanking me for the trouble, and I went again south to join my group.

I drove the fastest I could to reach my team, my “boss” being already a bit upset and, after some hundreds of km south we finally reached the last service station in Morocco. We could not go any further, to Nouadibou in Mauritania, where we had an hotel booked, because the border was already closed – no electricity, and it was hard to do all that bureaucratic work with a lamp.
So we decided to stay in the service station, have a shower and sleep in the possible bedroom, while one of my friends preferred to camp.

When I opened the back of the jeep to pick up my luggage I laughed to tears!!! Guess what I found – the HELM of the Englishman. I forgot it was in the back of my car, so did he.

Now you can understand the problem I URGE to settle: either I find the Englishman and give him back the helm or, being fond of motors and wheels, I will have to buy a motorbike.

Can you help me?

I have already seen a Suzuki 600, or should I buy a KTM? Because the helm I have already…

May God help me to settle down…